O ESQUILO E O JAVALI - FÁBULAS
(La Fontaine)
Contou Esopo a fábula que vinha da Babilônia e La Fontaine a assimilou em outros contos. Antigamente os esquilos comiam as nozes que caiam ao chão, seguindo a tradição de que a árvore sabe quando estão completamente maduras. Também não precisavam guardá-las nos ocos de paus e pedras. Aí chegaram os javalis e não só roeram todas as castanhas, como ainda fuçaram as que os esquilos escondiam nos buracos. Por isso, os esquilinhos tiveram que deixar o chão para os javalis e aprenderam a guardar seus tesouros em lugares mais altos e fora do alcance dos novos donos do campo. Conclui o fabulista que quando um mais forte ocupa o terreno é sábio mudar de lá. No Evangelho segundo Tomé, vs.21, vemos essa parábola quando Maria lhe pergunta com o que se parecem os seus discípulos e Jesus responde: parecem crianças que estão ocupando um campo que não lhes pertence e vem o dono do campo e as crianças terão que desocupar o campo e sair sem nada. Manda vigiar antes que o inimigo chegue. Para a realidade atual se discutem três interpretações: a) Quem chega é o poder do mal e os inexperientes sofrem porque não sabem guardar seus tesouros mais acima. b) Quem chega é o Poder Supremo que está mudando o mundo e nós não podemos objetar. c) Quem chega são outros homens que estão esbulhando os mais fracos e estes terão que mudar e dissimular suas estratégias. Isto está acontecendo nesta guerra. E talvez nesta crise econômica estejamos mergulhando em uma mistura das três hipóteses na guerra entre democracias e escravagistas. Como vamos nós, os esquilinhos menores, enfrentar a manada de javalis apoderando-se de nossas castanhas?
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