Espécies exóticas invasoras e restauração de áreas degradadas
(Sílvia Renate Ziller)
Define-se “exótica” ou “espécie exótica” uma espécie que ocorre fora de sua área original de distribuição; e “espécie exótica invasora” espécie que ameaça ecossistemas, habitats ou outras espécies. A biodiversidade de um ecossistema resulta de milhões de anos de uma evolução lenta que encontrou um ponto de equilíbrio entre seus indivíduos, ocorrendo naturalmente introdução de novas espécies a este conjunto. Mas a translocação de espécies para novos habitats tem se intensificado principalmente pela ação antrópica.
As espécies exóticas podem pertencer a todos os grupos: plantas, animais, bactérias e vírus, podendo ser encontradas em quase todos os lugares. Sua aparição tornou-se mais freqüente a partir das viagens transcontinentais no séc. XVI, principalmente pelos portugueses. Desde que começou a domesticar plantas e animais, o homem os tem transportado em suas viagens. Na zona mediterrânea encontramos hoje um número elevado de espécies vegetais introduzidas pelos romanos. O transporte destas espécies pode ser de forma voluntária: plantas e animais comercializados como, por exemplo, búfalo e plantas ornamentais, ou de forma involuntária como, por exemplo, os microrganismos que viajam de “carona” em aviões e solas de sapatos ou as algas e mexilhões carregados pela água de lastro dos navios.
Para se estabelecer em um novo ambiente, estes indivíduos necessitam ultrapassar certas barreiras como, por exemplo, abarreira geográfica que isola naturalmente uma espécie em seu habitat, a ambiental, que pode ser a disponibilidade de alimentos que compromete sua sobrevivência e barreira da dispersão que precisa ser eficiente para aumentar variabilidade genética.
É impossível a exterminação completamente todas as espécies exóticas nos lugares onde estão introduzidas, porém, se faz necessário uma política de fiscalização e controle para prevenir o trânsito dessas espécies. As invasões biológicas ocorridas no Brasil foram anteriormente registradas em outros países tornando visível a análise de seus riscos, dados estes encontrados hoje no Banco de Dados Global de Espécies Exóticas Invasoras, mantido pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN). Para Silvia Ziller, o livro “Invasões biológicas por animais e plantas” de Elton (1985) primeiro cientista a escrever sobre o assunto, chegou ao Brasil e outros países tardiamente não podendo evitar a repetição de erros já cometidos em outros países.
No Brasil, este grave problema foi tema do primeiro Simpósio Brasileiro sobre Espécies Exóticas Invasoras em 2005 e vários órgãos e instituições como o Instituto Horus, IUCN, Ministério do Meio Ambiente, Universidade Federal de Viçosa, Fiocruz, Embrapa estão realizando trabalhos para reconhecer a real situação do país. A coleta já foi encerrada e o MMA está encarregado de analisar e divulgar os resultados por meio do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira ProBio.
O Ministério de Meio Ambiente está estudando ainda a criação de uma câmara sobre as espécies exóticas invasoras, com representantes de diferentes setores. O IBAMA instituiu em 2004 um grupo para pesquisar o assunto e promover a prevenção, manejo e monitoramento destas espécies. Entre suas ações está o controle do javali e do caramujo-gigante-africano por meio de caça, captura e extermínio em todo o país. O diretor de Conservação da Biodiversidade do Meio Ambiente Paula Kageyama relata a necessidade de fazer um controle mais completo e diferenciado para cada espécie separadamente, pois atualmente só existem ações para algumas questões como o mexilhão dourado da água de lastro e do javali do sul.A diversidade biológica prevê uma série de diretrizes para prevenção, controle e erradicação das espécies exóticas, mas há uma necessidade de criação de campanhas de conscientização pública para se evitar, por exemplo, o cultivo de plantas invasoras ou mesmo o transporte de sementes, plantas e frutos de um lugar para outro mesmo dentro do Brasil.
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