Xingu - TERRITÓRIO TRIBAL
(Orlando e Cláudio Villas Boas)
"Xingu Território Tribal" é uma visão do que é o Parque do Xingu e como é o índio da região, suas crenças, mitos, estilo de vida. O Parque possui 26 mil km², onde o índio em seu caráter nômade convive com uma fauna e flora intocada, localizada entre o cerrado, campos de várzeas do Brasil central e as florestas que marcam o início da "Hiléia Brasileira". A região tem dois tempos: o inverno (chuvas) e o verão (seca), funcionando com a regularidade de um relógio; porém o tempo cronológico não existe para o morador local - para o índio há o dia, a noite, a Lua; a contagem do tempo não interessa para nada. O rio mostra-se exuberante; caudaloso nas cheias; na vazante, amplamente povoado pelas aves migratórias (garças, jaburus, colheireiros) e nas praias há ainda os monjolinhos e gaivotas. Estas são intocáveis pois tem alma de pajé. Mantém o Totem como uma lembrança do passado. O comportamento tribal - o índio é livre no seio da comunidade; ninguém manda em ninguém. O pajé é apenas um elo de ligação com o mundo do sobrenatural que rege a vida na aldeia. O Chefe da tribo é bom, compreensivo, conselheiro - nunca dá ordens. Há o respeito mútuo. O equilibrio é regido pelo seu mundo mítico e mágico. Sua arte é feita com capricho, demandando o tempo que for necessário, sem pressa. Não é preguiçoso; tem grande poder de concentração realizando as tarefas sem preocupação com o tempo. É um observador; não um pesquisador; não é ambicioso e portanto não acumula mais do que tem para uso; dá ensinamentos profundos especialmente quanto ao comportamento dentro da sociedade. Todo índio é auto-suficiente e sabe produzir tudo o que necessita, desde o arco e flecha, a rede, objetos de cerâmica, até a casa para morar; há uma distinção entre trabalho do homem (ex. acender o fogo, assar o peixe) e da mulher (cozinhar o peixe). A educação das crianças da tribo é feita pelo pai - ele é a escola, não o mestre. A criança aprende vendo e colhendo a experiência do pai. No processo de aculturação sempre demonstra mais interesse por coisas que tem a ver com sua cultura; só demonstra entusiasmo quando vê algum objeto de fabricação de outra tribo. Ele passa a se interessar e utilizar traços de outra cultura através de contáctos amistosos. Um hábito praticado diariamente até quatro vezes é o do banho; sempre que passa perto de um rio, lagoa ou fonte ele entra para se banhar. Tradições e Valores - só o convívio para entender os valores e as tradições que repousam no mundo mágico, mítico e religioso da comunidade nativa. O pajé e o feiticeiro ou bruxo são respeitados pelo seu conhecimento do sobrenatural. O índio é supersticioso. Acredita em um mundo eterno (Ivát), para onde vão as almas dos mortos. O Ivát é o reflexo da realidade. Quando um índio morre é enterrado com seus pertences; o arco e a flecha são colocados sobre a sepultura pois eles servem para o morto se defender dos espíritos malígnos na travessia até o paraíso. As entidades e grandes espíritos moram no Morená; destacam-se Maivotsinim (O Grande Criador) e Wakuarratáp (a Energia Suprema). Segundo sua cultura os índios nascem com três almas. A primeira e a segunda concebidas pelo homem e pela mulher, morrem com o homem. A terceira alma, a Yankatú é a pura essência.De tempos em tempos ocorrem batalhas entre as almas que vão para a terrível Aldeia dos Pássaros e o Falcão, Senhor da Terra. As almas derrotadas são devoradas; se vencerem, transformam-se em estrela dos céus da aldeia.
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