Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros
(Michelle Perrot)
O livro é divido em três partes. Na primeira a autora vai falar dos operários, relatando com riqueza de detalhes a relação dos operários com as máquinas e a questão da disciplina industrial; além de falar da condição em que viviam os operários. na segunda parte ela vai voltar sua atenção para as mulheres, falando da mulher popular rebelde e da dona-de-casa no espaço parisiense do século XIX. Na última parte ela vai fazer um relato claro e preciso da condição dos prisioneiros no século XIX dentro do sistema penitenciário empregado na época.
São escassos os estudos sobre a classe operária francesa, principalmente no que diz respeito à sua luta. Michelle dividiu esta parte em cinco capítulos.
A autora inicia a parte dos operários dizendo que a máquina era antes de qualquer outra coisa um instrumento disciplinador. Também por isso sofreu brava resistência. Essa foi na França menos espetacular do que fora na Inglaterra. No entanto, sua importância é maior do que a que se costuma crer. Muitas foram as tentativas do patronato de implantar a maquinaria que foram adiadas graças à brava resistência operária.
A introdução da maquinaria afetou diretamente aqueles empregados mais qualificados que passavam os ensinamentos de pai para filho, e que detêm os maiores salários.
Os patrões alegavam que com as exigências feitas pelos operários a França jamais poderia tornar-se competitiva. Indicavam a introdução da maquinaria para que o país pudesse ser industrialmente competitivo. O patronato afirmava que o seu capital estava à mercê daqueles operários preguiçosos.
Os operários direcionavam sua ira às grandes máquinas já que essas tiravam mais empregos. Eles aceitam e até procuram as pequenas máquinas que são capazes de se tornarem domésticas.
O ludismo era um fenômeno essencialmente urbano. A oposição às máquinas assumiram várias formas e a destruição, ou seja, o ludismo, é a última delas. As petições, cartazes, interdições, greves são as manifestações mais correntes. Os operários pediam ajuda ao governo para que esse tentasse intervir no processo de maquinaria das fábricas. Os operários alegavam que sem emprego não poderiam pagar impostos.
O ludismo, onde a máquina é que esta em jogo, reduz-se a pouca coisa. É interessante ressaltar que as manifestações ludistas estão estreitamente relacionadas com as crises econômicas. Quando essas aparecem com muita força o ludismo cresce.
Outro fato interessante foi a influência da Igreja. Ela abençoava as máquinas. Legitimando assim mais essa forma de dominação. Muitas vezes chegava a pedir empréstimos aos patrões para se equipar e criava verdadeiros mosteiros-industrias que funcionavam como fábrica que exploravam principalmente mulheres e crianças. Tais mosteiros não escapavam da ira dos operários, mas as imagens sagradas sempre eram preservadas e tudo o que mais existisse era quebrado.
A partir desse momento a autora passa para uma questão fundamental, a do advento da industrialização na França no século XIX, que por sinal foi lenta e ainda bastante rural, pode-se dizer que ela acarretou transformações, e estas não se restringiram à área econômica e tecnológica, mas também pediu modificações na disciplina.
Com o nascimento das fábricas, novas formas de disciplina tiveram de ser formuladas, novas prescrições de comportamento tiveram de ser instituídas, isto porque a sociedade industrial estava diretamente relacionada à ordem e à racionalidade, e para conseguir, a príncipio, que camponeses e artesãos se submetessem ao controle estabelecido, mexer com o cotidiano destas pessoas era preciso.
Michelle Perrot fala da relação das mulheres com o poder. Poder esse que apresenta diversos significados no singular, possui uma conotação política muito ligada à figura masculina do cardeal do estado, mas que no plural se estilhaça em diversos significados dentre eles o de influência e nesse as mulheres tem uma grande parcela. Muitos relatos dão conta de que apesar das mulheres serem juridicamente inferiores aos homens na prática ocupa a posição de sexo superior, é a idéia de que as mulheres puxam os fiozinhos dos bastidores e os homens como mrionetes de mexem em cena pública. Isso devido ao papel que amulher possui exercendo o poder na família, na sociedade.
A constituição do espaço político possui uma dupla exclusão: os proletários, as mulheres. Os homens proletários retomam a postura excludente da burguesia contra a capacidade política das mulheres. Essa exclusão das mulheres é contrária à declaração dos direitos do homem, que proclama a igualdade entre os indivíduos. A justificativa utilizada para essa exlcusão é apoiada nas descobertas da medicina e da biologia, é um discurso naturalista que insiste na existência de duas espécies com qualidades e aptidões particulares. Aos homens o cérebro, a inteligência, a capacidade de decisão. As mulheres o coração, o sentimento. Isso explica o motivo das mulheres não poderem ocupar cargos públicos.
A ampliação da organização penitenciária e do código penal ocorrida ao longo do século XIX, constitui a estrutura básica sobre a qual se assenta o sistema carcerário contemporâneo.
Os cárceres já existiam no Antigo Regime, mas não era a forma comum, fundamental de punição. Ao contrário do pós Revolução Francesa que, com o advento das sociedades industriais, intensificando as relações entre os grupos, multiplicou as normas e interdições e fez da pena privadora da liberdade o ponto de sustentação do sistema penal. Inicialmente feita para punir e também para reintegrar os delinquentes a sociedade, a prisão acaba por excluí-los. Em meados do século XIX, a reincidência leva o governo a adotar a deportação ao ultramar. A terceira República, com a lei Waldeck-Rousseau de 1885, leva ao triunfo da exclusão.
Resumos Relacionados
- Manifesto Do Partido Comunista
- Homens E Mulheres
- A Industrialização Brasileira
- O Poder Das Palavras
- Revolução Industrial
|
|