Fogo MORTO
(José Lins do Rego)
A narrativa caminha sobre o Sertão e nele habitam os mais diversos e antagônicos personagens.Retratam-se as castas da região,que ,aindahoje ,guarda marcantes traços de desigualdade.
É o Grande Reino dos coronéis, medieval em suas nuances de haver o grande senhor proprietário de todas as terras e,por conseguinte,de todas as pessoas, gravitando ao seu redor para só servi-lo e , cada vez mais, enriquecê-lo.Nâo há espaço para a mobilidade social,mas por ela nem se questiona.Estamos no Reino da opressão consentida e de uma harmonia garantida pelos preceitos cristãos da riqueza pós-mortem.
Eis que neste grande mar de calmaria, surgem aqui e ali alguns dissidentes, os anjos caídos do sertão.
Mestre José Amaro é o expressa maior indignação em relação ao modo com que são tratados os empregados. Nega-se a vender sua força de trabalho a qualquer comprador.Exige respeito por parte de quem lhe compra os serviços, uma vez que ele valoriza o trabalho de suas mãos ,seu artesanato. Consciente daquilo que produz, este selador, fazedor de vários apetrechos para uso de animais,não se coisificou dentro do processo de trabalho.É um homem inteiro, íntegro ,trabalha e desconhece a sujeição à autoridade patriarcal do fazendeiro.
José Paulino, seu compadre, tem a "mania' da política.Nesta enxerga uma possibilidade de alcançar um poderio superior ao dos coronéis,donos e senhores de tudo e todos.Em período de eleição, fica transtornado, vagando noites e dias com seu velho cavalo, sendo desencorajado pla mulher e ridicularizado por quase todos os habitante da região que lhe dão a alcunha de Vitorino PapaLéguas.
Os poucos componentes do coro dos descontentes não percebem porém que a estrutura que os envolve,a eles e a todos os humilhados ou despossuídos, e até mesmo aos Coronéis latifundiários, é algo hermético ,duro como o pétreo solo sertanejo de onde brotám apenas as mais ásperas vegetações. As águas bem-vindas sempre são escassas até para beber.Quanto mais o serão para dissolver essas velhas estruturas agrárias brasileiras,resistentes como o mais duro e teimoso diamante.
Fogo Morto é de leitura transcendente,vai além das palavras,porque se grava em imagens em nossa cabeça.Poder-se-ia dizer tratar-se de um romance visual.
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