O Mercador de Veneza
(William Shakespeare)
O Mercador de Veneza foi escrito entre 1596 e 1597 e pela primeira vez Shakespeare mistura um conteúdo sério com a comédia. É uma peça enigmática e ambígua. E muitos críticos debatem se a peça é anti-semita em si ou se é sobre anti-semitismo. Há várias falas em que percebemos o ódio, a desconfiança e antipatia entre judeus e cristãos. Embora Antônio, o mercador, seja o personagem principal preferido da peça, é Shylock, o agiota judeu que é a fonte de discussão crítica. Alguns dos discursos de Shylock apontam o preconceito vivido na era Elisabetana e que ainda está vivo até hoje, naquelas culturas que cria estereótipos de uma determinada raça ou religião e estabelecem leis que lhes discriminam. Este é um dos elementos que faz desta peça controversa e atemporal;
Dizem que esta peça foi baseada, no Il Pecorone (1378), uma coleção de contos e anedotas italianas do século XIV escritos por Giovanni Fiorentino. Uma das histórias desta coleção conta sobre uma rica herdeira que vive em Belmonte. Ela se casa com um homem que tem um amigo que deve dinheiro a um judeu, que exige como pagamento uma libra de carne. Uma outra história contida no Mercador, é a dos pretendentes que devem desvendar um enigma para ganhar a mão da bela Pórcia. Esta parte da peça pode ter vindo de outra coleção do tipo contos de fadas, chamado Gesta Romanorum, cujo autor é desconhecido. A versão inglesa deste livro foi muito popular na época de Shakespeare. Outra possível influência pode ter vindo da peça O judeu de Malta (1589) de Christopher Marlowe.
Apesar das controvérsias causadas, o Mercador de Veneza continua a fascinar o público. Os personagens são complexos, levando as várias interpretações de suas ações. É uma peça forte e fascinante na qual expõe algumas das mais graciosas falhas humanas.
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