O Realismo
(A arte da História)
Movimento artístico que se manifesta na segunda metade do século XIX. Caracteriza-se pela intenção de uma abordagem objetiva da realidade e pelo interesse por temas sociais. O engajamento ideológico faz com que muitas vezes a forma e as situações descritas sejam exageradas para reforçar a denúncia social. O realismo representa uma reação ao subjetivismo do romantismo. Sua radicalização rumo à objetividade sem conteúdo ideológico leva ao naturalismo.
As obras privilegiam cenas cotidianas de grupos sociais menos favorecidos. O tipo de composição e o uso das cores criam telas pesadas e tristes. O grande expoente é o francês Gustave Courbet (1819-1877). Para ele, a beleza está na verdade. Suas pinturas chocam o público e a crítica, habituados à fantasia romântica. São marcantes suas telas Os Quebradores de Pedra, que mostra operários, e Enterro em Ornans, que retrata o enterro de uma pessoa do povo. Outros dois nomes importantes que seguem a mesma linha são Honoré Daumier (1808-1879) e Jean-François Millet (1814-1875). Também destaca-se Édouard Manet (1832-1883), ligado ao naturalismo e, mais tarde, ao impressionismo. Sua tela Olympia exibe uma mulher nua que "encara" o espectador.
A escultura não se preocupou com a idealização da realidade, ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são. Além disso, os escultores preferiram os temas contemporâneos, assumindo muitas vezes uma intenção política em suas obras.
Dentre os escultores do período realista, o que mais se destaca é Auguste Rodin (1840-1917), cuja produção desperta severas polêmicas. Já seu primeiro trabalho importante, A Idade do Bronze (1877), causou uma grande discussão motivada pelo seu intenso realismo. Alguns críticos chegaram a acusar o artista de tê-lo feito a partir de moldes tirados do próprio modelo vivo. Mas é com São João Pregando (1879), que Rodin revela sua característica fundamental: a fixação do momento significativo de um gesto humano. Essa mesma tentativa de surpreender o homem em suas ações aparece em O Pensador, seguramente sua obra mais conhecida.
O realismo traz como maiores representantes da música os artistas Josef Bruckner e Richard Strauss. Bruckner realizou diversos estudos sobre a composição harmônica empregada nas obras da época, além de desenvolver o uso do contraponto. Escreveu diversas sinfonias, principalmente peças religiosas, utilizando o órgão como instrumento de criação. Já Strauss se destacou também na ópera e em sinfonias para coro e orquestra. Muitas de suas composições se tornaram famosas, como a Sinfonia nº2 – Op.14.
Com o realismo, problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem torna-se coloquial. O primeiro grande dramaturgo realista é o francês Alexandre Dumas Filho (1824-1895), autor da primeira peça realista, A Dama das Camélias (1852), que trata da prostituição.
Fora da França, um dos expoentes é o norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Em Casa de Bonecas, por exemplo, trata da situação social da mulher. São importantes também o dramaturgo e escritor russo Gorki (1868-1936), autor de Ralé e Os Pequenos Burgueses, e o alemão Gerhart Hauptmann (1862-1946), autor de Os Tecelões.
O realismo na Literatura manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o parnasianismo. O romance - social, psicológico e de tese - é a principal forma de expressão. Deixa de ser apenas distração e torna-se veículo de crítica a instituições, como a Igreja Católica, e à hipocrisia burguesa. A escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e direta.
Na passagem do romantismo para o realismo misturam-se aspectos das duas tendências. Um dos representantes dessa transição é o escritor e dramaturgo francês Honoré de Balzac (1799-1850), autor do conjunto de romances Comédia Humana. Outros autores importantes são os franceses Stendhal (1783-1842), que escreve O Vermelho e o Negro , e Prosper Merimée (1803-1870), autor de Carmen, além do russo Nikolay Gogol (1809-1852), autor de Almas Mortas.
A arquitetura beneficia-se do notável avanço da técnica contemporânea. Materiais até então inexplorados, como o vidro, o ferro, o cimento e, principalmente o concreto armado, abrem novas perspectivas para os arquitetos. A primeira estrutura metálica – uma ponte de ferro sobre o rio Severn, na Inglaterra - é construída pelo engenheiro inglês Wilkinson em 1775. Mas, só em 1843 é que as estruturas metálicas começam a ser empregadas nos edifícios, quando o francês Labrouste, com ferro e aço, faz cobertura do salão da Biblioteca Santa Genoveva, em Paris. Em 1851, na Exposição de Londres, o inglês Paxton constrói o monumental "Palácio de Cristal'', todo de ferro e vidro. E, em 1889, Gustavo Eiffel, levanta em Paris a famosa torre, que se transformará num cartão de visitas da” Cidade Luz “.
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