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Caminha e Gândavo: A Visão do Indígena
(Flavia Farias)

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Nos documentos históricos ora analisados para a feitura deste artigo, quais sejam: a Carta a El Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha e o Tratado da Terra do Brasil, de Pero de Magalhães Gândavo, é perceptível a visão antagônica entre os dois autores supramencionados.

Ao traçar os contornos do indígena brasileiro, tanto Gândavo como Caminha, não demonstram nenhuma condescendência com a nova cultura com a qual se deparam ao verem o povo da terra do Brasil. Gândavo os intitula de bárbaros gentios. Todo o seu tratado descreve um povo agressivo, belicoso, desumano, vingativo, polígamo, cruel e desonesto. Ao contrário de Gândavo, Caminha os descreve como um povo inocente, manso e limpo, ainda que bestial e de pouco saber. Nenhum dos autores atinam para a riqueza cultural e a sabedoria possível existente naquele povo.

Há uma diferença importante em ambas narrativas, a qual pretendo acentuar a seguir. Em Caminha há um texto descritivo, sem grande criticismo, exceto aquele intrínseco a um pensamento etnocêntrista-colonizador, do qual o narrador não pôde se distanciar. O conteúdo da carta de Caminha a respeito do indígena segue um caminho de descrições minuciosas sobre a compleição física do índio, os adereços com penas, as perfurações nos lábios, as ornamentações, as pinturas nos corpos, a nudez que de tão inocente desavergonhada não era, evidenciando assim, mormente, um caráter objetivo, físico e estético daquele povo. Já em Gândavo o texto é mais crítico e expõe, sobretudo, as características internas, comportamentais e da persona do indígena, adjetivando ao longo da narrativa, negativamente, aqueles seres que vivem de comer, beber e matar gente.

Ao contrário da visão negativa de Gândavo, Caminha declara que aquela gente é boa e de bela simplicidade, e que seria possível imprimir a eles a fé cristã, uma vez que Nosso Senhor lhes havia dado bons corpos e rostos, como a bons homens. Já Gândavo os vê como selvagens e descreve as mortes desses índios pelos governadores e capitães, excetuando aqueles que não traíam os portugueses e se mostravam de paz. Vê-se a total descrença na catequização daquele povo por parte de Gândavo, quando este afirma que nem mesmo na língua do gentio há as letras iniciais necessárias à escritura das palavras Fé, Lei e Rei.

Conquanto o índio tenha sido visto de forma diferente por Caminha e Gândavo, ambos desprezaram a cultura do indígena, seus costumes, idioma, cultos, e tudo relacionado àquele povo. Não importava que os índios fossem bons ou maus, uma vez que a cultura européia lhes fora impingida pelo etnocidas, dos quais fazia parte os autores aqui mencionados.



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