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Educação, sociedade e velhice: Caminhos e descaminhos na modernidade
(Junio Batista)

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               Educação, sociedade e velhice: Caminhos e descaminhos na modernidade

       A diminuição da taxa de natalidade e o aumento do número de idosos nos últimos anos demonstram a urgência em se discutir uma temática quase ausente no meio acadêmico atual e que vem despontando como uma das mais necessárias dentro do projeto educativo que está sendo discutido hoje, no qual a formação humana para o convívio social solidário é a principal finalidade, a temática do envelhecimento, que vem, ao longo da passagem da era Tradicional para a Moderna, sofrendo metamorfoses constantes.
      A modernidade difundiu a cultura de massa e promoveu o que Balandier (1997) chama de Amnésia Cultural, em que foram apagadas as referências e os ancouradoros do passado e instituitida a cultura da juvenilização, fazendo com que o jovem deixasse de ver o velho como uma referência cultural. Bauman (1998) argumenta que a modernidade investiu na destruição da comunidade tradicional, onde eram muito fortes os valores familiares, os laços de sangue, o solo, a nacionalidade, as matrizes culturais, o amor e a solidariedade. Segundo ele, a modernidade é marcada pela presença de indivíduos em constante busca de uma identidade que lhes é negada, o que os faz viverem sob constante e implacável pressão, para ter de adaptar seus gostos, suas vidas, seus pensamentos e até mesmo seus desejos aos que os outros acham conveniente. A passagem do Século XIX para o Século XX é o marco que define as características da velhice moderna. A partir de então, ela passou a ser concebida como um “segredo vergonhoso do qual é indecente falar”, como acentua Simone de Beauvoir (1990), ao qual era imputada a depreciação e as mais diversas formas de violência simbólica e física. Os idosos passaram até, a ser considerados símbolos de decadência física e de improdutividade, um risco à perpetuação da vida social.
      Groisman (2000) apud Prado (2002, p. 02) defende que na modernidade o agir dos indivíduos e instituições passou a estar condicionado a normas impostas pela nova dinâmica social estabelecida: “(...) a lógica da modernidade está fundamentada na uniformização e ‘universalização das transições’ em uma grande variedade de contextos institucionais, bem como uma maior segregação de grupos sociais”, sendo, ainda, caracterizada pelos antagonismos: feio-bonito, forte-fraco, velho-novo, fascínio – repulsa.
      Giddens (2001) enfatiza que a passagem da Tradição para a era Pós-tradicional traz como características marcantes o abandono e a desincorporação da ancestralidade, a entrega dos sujeitos à aventura perigosa do consumismo. Para ele, a Tradição estava ligada à solidariedade social, combinando conteúdo moral (saberes e valores) e emocional (sentimento de pertença). O autor chama de impulso prometéico, a vontade da ciência em querer oferecer remédio e solução para tudo (inclusive para a velhice, consierada uma doença da idade) e considera que a integridade tradicional foi substituída pela compulsividade moderna, causadora dos vícios consumistas, responsável bela banalização da vida, da natureza e da relação com os outros. Os velhos, antes vistos como os guardiães do saber e dos costumes, símbolos de respeito na escala geracional, foram destituídos de uma posição privilegiada, pois, conforme acentuam Rabelo e Nascimento (2007):
 
"Os valores individualistas, que redimensionam a vida moderna, desencadearam mudanças no padrão familiar, gerando efeitos perversos sobre a rede de relações na qual os idosos se inseriam, afetando o padrão de sociabilidade, que se dava de maneira vertical, horizontalizando-o, e, conseqüentemente, homogeneizando a teia de relações, configurando também a perda de seus papéis tradicionais. O resultado seriam, então, a solidão e a perda da qualidade de vida fruto da pauperização". (RABELO E NASCIMENTO, 2007, p. 05).
 
Com relação à escola, não está havendo preocupação em discutir o tema do envelhecimento, como uma das fases da vida inegável a todos, até mesmo por ter sido contagiada, quando não reduzida em sua função, pelos aparelhos midiáticos responsáveis por propagar a massificação, a cultura da juvenilização, segundo a qual ser jovem está ao alcance de todos, pois existe uma gama de produtos e tratamentos estéticos anunciados como retardadores do envelhecimento.
Dentro das atuais políticas para valorização do Idoso, O Estatuto do Idoso estabelece que: “Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria.” (ESTATUTO DO IDOSO – Art. 22). Tal dispositivo legal vê a inserção do tema do envelhecimento no contexto escolar como uma das possibilidades de se reverter os efeitos negativos da modernidade, mas primeiro é preciso que a própria escola se liberte e se assuma como espaço de desconstrução de ideologias, formando indivíduos solidários, reflexivos e críticos. É necessário que a educação invista na busca por alguns elementos benéficos da tradição, na etnicidade e no multiculturalismo, a fim de romper com os males da modernidade, que embaçam as relações entre os indivíduos.

Junio Batista - Graduando em Pedagogia



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