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Moby Dick
(Herman Melville)

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Em Moby Dick, obra fundamental da literatura norte-americana, Herman Melville nos prende, ao longo de mais de seiscentas páginas, com a mesma eficiência com que o Capitão Acab, sua personagem pricipal, prende a tripulação do barco beleeiro  “Pequod” ao próprio destino (que ele mesmo escreveu, mais a semelhante de um Deus do que de um escritor). A diferença, para sorte nossa, é que o primeiro nos prende  com o irresistível talento literário, ao passo que o segundo prende a tripulação pela força de persuasão do capital, representado por um dobrão espanhol, que é pregado no mastro principal do barco, e prometido, como recompensa, a quem primeiro pregar os olhos no cachalote branco que um dia devorara sua perna.

No microcosmo do barco baleeiro “Pequod” não é representada uma América real, mas, mais especificamente a América capitalista com todos os ingredientes que regem o poder e a vida no sistema pequeno-burguês do qual os capitalistas norte-americanos são os desenvolvedores e maiores signatários.

O Pequod é a representação perfeita do que seria o mundo ideal para o sistema pequeno burguês de poder. Sua tripulação, que representa várias nacionalidades, é totalmente submissa ao poder do Capital norte-americano, até porque o próprio barco é a representação de uma empresa de capital aberto, uma sociedade anônima, onde os trabalhadores não sabem, exatamente, para quem trabalham. Eles sabem a quem devem obedecer (no caso ao capitão tomado por um louco desejo de vingança), mas não para quem trabalham: tal qual nas grandes empresas do capitalismo moderno.

E, reforçando a representação do capitalismo moderno, o dobrão espanhol que Acab prega no mastro principal do barco, como forma de submeter as vontades de todos ao poder monetário, ao fim, como acontece no próprio jogo capitalista, acaba voltando as suas mãos.

Ao longo da narrativa percebemos que a tripulação, apesar de toda riqueza cultural, tão retratada e valorizada por Melville, só existe para o Capitão Acab como meros instrumentos que ele usa conforme suas necessidades. Nem mesmo a evidência de que a loucura do capitão levará o barco à ruína, e a todos à morte, submete o poder de Acab à maioria. A tripulação constituída de homens corajosos, e até filho de um grande Rei, não tem o poder de interferir no destino do barco, e Acab, tal qual o dono de uma empresa mal administrada, que segue rumo à falência aos olhos de olhos, segue a frente de seu barco sem se importar com a sorte dos seus tripulantes.

Todas as vidas parecem ser postas a disposição de quem manda no barco. O próprio mar, e todas as suas criaturas, só existem para servi-lo.

O próprio desejo de vingança que leva o velho capitão a percorrer os mares em busca de uma baleia gigante, colocando o barco e a tripulação em perigo, tem muita semelhança com essa escalada louca do capitalismo moderno que, mesmo colocando o planeta em risco, não cessa de buscar o lucro a qualquer custo.

No romance, depois de muitas aventuras, o velho capitão, finalmente, encontra seu destino, mas, a exemplo de muitas empresas, seu barco é afundado pelo monstro que acaba se revelando maior que sua própria loucura. O barco afunda, como uma empresa que fale e, com exceção de Ismael, personagem narrador do romance, toda tripulação morre... Desempregada.

Do ponto de vista capitalista o romance termina com uma catástrofe, com um imenso prejuízo, mas do ponto de vista de Moby Dick, o mundo, enfim, entra nos eixos, pois só com a ruína total de Acab, e sua desastrosa empresa, o cachalote consegue respirar em paz pelos mares que sempre fora seu.



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