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Khady mutilada
(Khady)

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Este livro retrata documentalmente a vida da própria autora e narradora.
Uma vida cheia de alegrias na infância, no seio de uma familia superprotectora, maioritariamente femenina, mas que ficou marcada para todo o sempre aos 7 anos de idade quando é de repente confrontada com a excisão. Nada sabia do assunto, ninguém lhe explicou as razões (pois ninguém parece saber o porquê de tal atrocidade, como a autora o afirma).
Retrata a sociedade em que os homens nada ou pouco interferem nestes assuntos, são costumes perpetuados por mulheres em mulheres (crianças ou bebés).
Esta prática que lhes é incutida por aumentar a fertilidade femenina, garantindo-lhes a pureza e virgindade bem como a fidelidade de uma esposa, não passam de dissimulações para o sofrimento que se vive e que nem em nome da religião se pode manifestar, conforme nos informa a autora na sua luta contra esta prática, já em adulta.
Esta prática põe em risco a vida de crianças e bebés que a sofrem, podendo as mesmas morrerem de várias formas, a principal por hemorragias e/ou infecções, pois trata-se de um corte a sangue frio do clitóris.
Como nota minha, saliento que noutras sociedades pratica-se ainda a infibulação que é a remoção total do órgão sexual feminino.
Tudo isto e como nos demonstra tão bem a autora do livro, priva-as do prazer sexual, destruindo para sempre a hipótese de serem felizes como mulheres.

Dá-nos a conhecer ao longo da sua vida, um pouco sobre a sociedade muçulmana africana da sua tribo, sediada no Senegal, etnia de soniké, casta de nobres, a que pertence.
Nascida em 1959, relata o percurso da sua feliz e protegida vida e faz-nos crer na sociedade perfeita, mas aos 7 anos, a sua excisão lembra-nos da barbárie que é esta prática e o sofrimento que este tipo de mutilação proporciona, relatando as formas de cura mais primitivas que existem.
Casou aos 13 anos por imposição da própria familia, com um primo que vivia em Paris. Relata-nos a sua vida e dos seus sonhos desfeitos aquando da obrigatoriedade de casar com esse primo distante e desconhecido. Fala-nos com grande precisão sobre a sua viagem, a solidão de um percurso longo e de sofrimento ao longo de anos a sofrer continuadas violências domésticas.
Para o entendermos é necessário saber um pouco sobre as leis islâmicas do matrimónio em que a vida da mulher nada vale, o rendimento familiar é masculino e a mulher nada é, nada vale, mesmo os abonos do Estado para os filhos, vão para o marido por direito. Relata-nos a autora que o seu marido, bem como outros que viviam em Paris da época, apenas queriam os filhos para obterem os referidos subsidios do Estado. Podem os maridos requerer e casar com outras mulheres, perpetuando a poligamia. Sofrimento adicional à primeira esposa e aos filhos desta. Relato muito preciso sobre os mais variados tipos de violência sobre ela e sobre os seus filhos, numa sociedade ocidental, dita civilizada e onde encontra forças para se revoltar e encher de coragem ao ponto de requerer o divórcio após a perda trágica de uma filha num acidente. A este funeral da sua própria filha foi-lhe negado o seu acompanhamento, tendo ido o pai ao funeral, pois os rendimentos da familia dele provinham e ele assim o decretara.

Uma mulher de coragem, que luta pela sua sobrevivência e pela dos seus filhos que vê negligenciados pelo pai, querendo o mesmo os filhos apenas pelos subsidios, principalmente quando este casa pela segunda vez e a sua segunda mulher os maltrata.

Khady encontra muitos apoios ao longo da sua vida de sofrimento e solidão. Estes apoios dão-lhe o necessário, seja a nível de trabalho como tradutora (devido às mulheres africanas que nem a lingua francesa falavam, Khady como tinha pais mais liberais foi-lhe permitido estudar), seja a nível de serviços sociais que lhe vão dando económicamente alguma independência. Mas quando o marido descobre os seus rendimentos, perpetua os mais variados tipos de violência verbal e fisica, por forma a demovê-la dos seus intentos, humilhando-a perante a sua própria familia, que chega a duvidar da sua integridade fisica e moral.

Fazendo sempre frente a um marido, sofrendo os horrores de cesarianas seguidas, sendo a primeira aos 16 anos de idade, mãe de 4 filhos (hoje de 3, perde a filha mais velha), diz-nos o que é o horror de não poder ter partos naturais devido à excisão, descreve com rigor os sentimentos que carrega ao longo da sua vida de casada. O ser obrigada a manter relações sexuais dolorosas com alguém a quem não amava. Chegamos mesmo a ter a noção de violação perpetuada ao abrigo de um casamento que em nada era legal pela sociedade ocidental, onde vivia. Era um casamento meramente de acordos verbais, como é aliás apanágio do islamismo.

Depois de muito tormento conseguiu o divórcio (relembro que no islão as mulheres não lhes é permitido o divórcio, ao marido basta decretá-lo, mesmo sem as avisar).

Luta hoje contra esta barbárie, que nem a própria religião muçulmana professa ou explica.

Khady vive hoje em dia na Bélgica com os seus 3 filhos e é presidente da Rede Europeia de Luta contra a Mutilação Genital.



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