BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


O Livro da Bruxa
(Roberto Lopes)

Publicidade
Prefácio

Sempre acreditei que as bruxas fossem uma lenda... até recentemente. De fato, elas existem.
Compartilhei uma pequena viagem com uma delas e aprendi novas formas de ver o mundo.
Também foi desfeita a imagem que eu tinha de uma bruxa: velha, magra, nariz comprido com uma verruga, queixo pontiagudo, cabelos desarrumados, dedos finos, olhos esbugalhados e vestida num manto preto com capuz.
A bruxa que conheci é uma senhora de aparência absolutamente comum, bem no estilo das boas e sábias vovozinhas.
Após encontrá-la, em pouco tempo fui arrastado para uma aventura inesquecível. E só quando já estava irremediavelmente envolvido percebi a genialidade de seu disfarce.
... 
Depois não vá me acusar pelas transformações que podem acontecer em sua vida.
Alegarei completa inocência.

Encontro

Nosso primeiro encontro aconteceu num final de tarde de primavera. Havia chovido, e o ar estava fresco. Alguns relâmpagos ainda iluminavam o céu, e os trovões chegavam como rugidos de um animal distante. O sol, antes de se pôr, tinha encontrado uma fresta entre as nuvens e entrava horizontalmente pelas janelas do hospital.
Eu estava terminando meu plantão, visitando os pacientes internados na enfermaria do terceiro andar. Consultei a última ficha. Era uma senhora de 86 anos com diagnóstico de pneumonia.
Ela estava só em seu quarto, e quando entrei fui recebido com um grande sorriso.
...
Ao sair do hospital, encontrei uma noite suave como há muito tempo não via.
Naquela noite sonhei com anjos.

Novidades  
Deixei para visitar minha nova paciente por último. Tínhamos uma conversa para terminar, e isso seguramente levaria algum tempo extra.
Desde a véspera, eu ficara impressionado com sua lucidez. Aos 86 anos é comum existir algum grau de senilidade nas pessoas. Contudo, senilidade não era o caso daquela paciente. Sua mente e seu corpo pareciam ignorar a idade avançada. 
Era como se ela nunca tivesse estado doente. 
Você descobriu um mapa no qual estão descritos lugares maravilhosos. Mas não basta pendurá-lo na parede e escrever artigos sobre ele, como vem fazendo. É preciso arrumar a mochila e visitar estes lugares, percorrer todas as estradas e trilhas. Caso contrário, sua vida não será vivida do modo extraordinário... Na sua presença, sentia-me como se tivesse sete anos e fosse meu primeiro dia na escola.
Já tive contato com dezenas de pessoas idosas e admirava a forma como algumas envelheciam com dignidade. Infelizmente, muitas vezes não percebemos os verdadeiros tesouros disponíveis no contato com as pessoas mais experientes. 
Minha atual paciente era a prova da sabedoria da natureza. Para cada ser humano desagradável existe outro excepcional.
Sua autoridade serena e sua lucidez me fascinavam. Como seria maravilhoso se todos pudéssemos envelhecer como ela.
...
Quadrado
Fui visitá-la novamente na tarde seguinte. Após os cumprimentos, ela pegou um guardanapo de papel e colocou-o sobre a mesinha.
— Hoje gostaria de mostrai lhe algo importante. Empreste-me sua canela pediu
Entreguei-lhe a canela, e ela começou a desenhar algumas linhas retas.
Estava decidido a não mais me surpreender com as coisas que ela fizesse ou dissesse, mas não pude deixar de admirar a firmeza de sua mão ao executar o desenho.
Quando terminou, tinha criado a figura de um quadrado com duas diagonais.
— O que significa esse desenho para você? — perguntou.
— É algum tipo de teste para avaliar meu perfil psicológico ou posso responder sem medo de estar sendo analisado? — perguntei.
— Apenas gostaria de saber o que você vê nele — tranqüilizou-me. 
— Esse desenho me faz lembrar um problema de geometria... 
Acho que não são lembranças muito boas do tempo da escola — concluí.
Olhei novamente para o papel.
Como num passe de mágica, o problema de geometria havia desaparecido e lá estava o desenho de um envelope. Nenhuma linha havia mudado, mas milagrosamente a figura era outra.
Não consegui disfarçar e sorri como uma criança deslumbrada. Sempre gostei muito de mágicas e, quando vi o envelope, foi como se tivesse visto um elefante saindo de uma caixa de fósforos.
— Vamos brincar um pouco mais com a nossa figura. O que mais você consegue ver neste desenho? Fiquei olhando o desenho durante quase um minuto. Só via o envelope ou o problema de geometria.
— Que tal uma ampulheta?
Numa fração de segundo a mágica ocorreu novamente. O envelope se transformou numa ampulheta. Podia ver os dois cones de vidro formados pelos triângulos superior e inferior e o suporte de madeira formado pelas linhas laterais. Mais uma vez não consegui conter a expressão de quem vê algo mágico acontecer bem diante dos olhos. 
Não contive minha surpresa.
— Você é uma bruxa de verdade, não é? — perguntei.
...
Interpretações
...
Anjos
...
Agrupamentos
...
Deusas
...
Relacionamentos
...
Equilíbrio
...
Bananas
...
Brincadeiras
...
Armaduras
...
Natureza
...
Jogo
...
Limiar
...
Primaveras
...
Livros
...
Navio
...
Recomeçando
...
Postal
Nas semanas seguintes, a rotina engoliu-me novamente. Nossa viagem tornou-se apenas uma lembrança agradável de algo incomum.
Ao passar pela recepção, aproveitei para pegar minha correspondência. Lá estava um cartão postal mostrando a Torre Eiffel. Virei imediatamente o cartão e li:

Não é suficiente entender.
É preciso aprender.
E aprender é repetir até ser
capaz de fazer por si mesmo.
Não deixe a neblina
impedi-lo novamente.
Estou esperando o livro.
Um beijo.

Subi, liguei o computador, coloquei uma música no aparelho de som, meu amuleto sobre a mesa e comecei a escrever esta história.
O Livro da



Resumos Relacionados


- Comprei Aquilo, Deu Nisso

- A Flor

- Mom Sacrifice

- Rico Homem, Pobre Homem

- O Homem E O Mundo



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia