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Diários inéditos da guerrilha cubana
(Heinz Dieterich Steffan)

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Por óbvias razões de segurança, a confecção de um diário no início da luta armada não é aconselhável, principalmente se não existir base estável e o grupo é obrigado a mobilidade constante.
São os testemunhos de Che Guevara e Raúl Castro, no período compreendido entre 25/Nov/1956 e 19/Fev/1957 (primeiros 3 meses da guerrilha do movimento M-26/Jul). Essencialmente são abordados três temas: legitimidade da luta armada; antropologia do guerrilheiro; revolução como via de transformação social.
Uma nota introdutória de Paco Ignácio Taíbo II, resume alguns elementos do início da actividade do M-26/7 no México: condições de alojamento; aquisição de armas, tentativas de assassinar Fidel; detenção de grande parte do grupo revolucionário (che-guevara-como-se-constrói-uma-lenda).
O primeiro registo no diário de Raúl Castro (presidente do conselho de estado da República de Cuba, desde FEV/2008) é precisamente sobre a viagem do Granma, desde Tuxpan para Cuba (fidel-castro-menino-ao-guerrilheiro/).
As três primeiras baixas são registadas no terceiro dia após o desastroso desembarque em Las Coloradas (5/Dez/1956), originando uma anárquica dispersão do grupo de guerrilheiros nas imediações de Alegria de Pio. É também nesta região que a 8/Dez perdem mais 17 elementos, resultantes de denúncias e de flagelações do exército baptistiano. A Sierra Maestra está ainda longe e o fragmentado grupo sobrevivente -18 homens- só se reunificará quinze dias depois, em Purial. No reencontro, os emocionados irmãos Castro travam um diálogo histórico:
- Quantas espingardas trazes? Pergunta Fidel.
- Cinco.
- ... com duas que tenho eu, são sete! Agora sim, ganhamos a guerra!

Entretanto, a notícia da morte de Fidel e do restante grupo invasor é difundida pelo país, mas todo o aparelho militar de Baptista continua na peugada dos guerrilheiros que após as iniciais pesadas baixas sofridas, vão-se reorganizando e aceitando voluntários. Como tal, torna-se necessário uma urgente acção vitoriosa, não só para aumentar o ânimo dos rebeldes, mas também para que a população se aperceba da mentira difundida pelo governo. Tal decisão, bem como os preparativos da mesma, são registados por Raúl e Che nos respectivos diários a 12/Jan/1956. Os 32 homens (18 sobreviventes do Granma e 14 novos alistados) assaltarão um aquartelamento em La Plata na madrugada de 17/Jan/1956. É a primeira ofensiva vitoriosa dos guerrilheiros, porém nem todos participam no ataque porque as armas disponíveis são insuficientes: 19 espingardas, 6 pistolas, 2 metralhadoras, 8 granadas e 3 cartuchos de dinamite.
O balanço final desta acção, que segundo registo de Che dura aproximadamente meia hora, é francamente positivo. Não se regista qualquer baixa no grupo rebelde e os aquartelados sofrem dois mortos e cinco feridos (dos quais três morrerão posteriormente). Aos sobreviventes são dispensados alguns medicamentos e Fidel informa-os de que podem ir em liberdade quando pretenderem. É o início da acção psicológica junto das tropas governamentais.
Os guerrilheiros abandonam La Plata rumo à foz do rio Palma Mocha, começando a subir a Sierra Maestra seguindo o curso do rio, em busca de um lugar para acamparem. Intencionalmente fazem o trajecto à vista das populações com o claro intuito de desafiar o exército, que lança em seu encalce uma força comandada por um dos oficiais mais brilhantes do momento: o tenente Angel Sánches Mosquera. O local escolhido, numa “meseta” na encosta da serra, conhecido por Planície do Inferno, é preparada uma primeira emboscada aos perseguidores, que na madrugada de 22/Jan/1956 perdem a guarda avançada (seis para-quedistas). Após este êxito, os rebeldes retiram-se de forma organizada, dispersam-se encetando um desgastante jogo de “gato e rato” com os militares.
Entretanto, Eutímio Guerra, um voluntário profundo conhecedor da região, que inicialmente foi de fundamental utilidade na movimentação e informação dos rebeldes, é aprisionado pelas tropas de Joaquín Casillas a 23/Jan/1957 mas é poupado e presenteado com 10.000 pesos em troca da sua anuência na denuncia e localização da guerrilha. A traição é descoberta pelos guerrilheiros que o executam.

Tornando-se necessário divulgar internacionalmente a luta encetada, Javier Pazos contacta em Havana, o representante do New York Times que promove um encontro com o reputado jornalista Herbert Mathews (o-homem-que-inventou-fidel), com quem Fidel se encontra a 17/Fev/1957 na quinta de Epifanio Diaz, em Los Chorros a 40Km de Manzanillo, fazendo-lhe acreditar que estavam em plena Sierra. Esta entrevista, publicada na 1ª página do N.Y.T. a 24/Fev/1957 sob o título “Rebelde cubano é visitado no seu esconderijo”, vem a ter enorme projecção mundial e importância vital para a rápida divulgação dos propósitos do M26/7. Nos dois dias seguintes serão publicados mais dois artigos fazendo uma avaliação global da situação em Cuba.
No dia 19/Fev/1957 junto ao riacho Jicotea, Raul Castro anota no seu diário: “... hoje tivemos um almoço de arroz, feijão, legumes e café. Fidel pediu que preparassem um carneiro para a noite. À 01H20 da madrugada despedimo-nos da valente família (Epifanio Diaz) e fomos embora...”

A 20/Fev/1957, Fidel Castro redige um manifesto “Ao povo de Cuba”. É o primeiro documento programático a partir da Sierra e que termina com as palavras de ordem lançadas em nome do movimento:
“A revolução não parará. Os próximos dias serão testemunhas. Nada poderá deter o que já está no coração e na consciência de todos os cubanos.”



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