A Formação para o desempenho do cargo e para o desenvolvimento
(Pedro B. da Câmara)
Na procura contínua de potenciar a eficácia da organização e, consequentemente, dos seus recursos humanos, a formação para o desempenho do cargo e para o desenvolvimento é o meio ideal para minimizar a diferença entre um estádio actual e um estádio desejado dos colaboradores.
O processo de desenvolvimento e aprendizagem organizacional está directamente ligado à optimização do potencial individual e grupal disponível nas organizações no qual a formação, quando bem gerida, se torna um elemento dinamizador.
À formação técnica das pessoas, continuando a ser preponderante, vem agora juntar-se, com importância crescente, a formação comportamental. A formação comportamental, criando a apetência para a mudança e permitindo que ela ocorra em boas condições, tem um papel chave neste domínio.
A formação é, portanto, não só um factor de maior competitividade como, por vezes, mesmo de sobrevivência. As empresas necessitam de quadros com as competências necessárias à flexibilidade que as acções para o exterior exigem.
O que faz a organização são as pessoas que a constituem, a forma como estabelecem os contactos entre si e optimizam os meios disponíveis. A forma como actuam traduz-se na forma como actua a organização.
Quanto mais experiências, conhecimentos e aprendizagens novas o sujeito, individual e/ou colectivamente, for acumulando e transpondo para o seu dia-a-dia, mais a empresa aprende e mais se desenvolve.
As empresas que aprendem (Learning Organizations)
Numa análise simplista, a aprendizagem organizacional pode ser entendida como um processo de detecção e correcção de erros. Assim sendo, perante resultados negativos quer a nível individual, departamental ou de resposta da empresa ao meio, seriam analisados os desvios e efectuadas as correcções com o objectivo de obter melhorias.
A continuidade deste processo de detecção e correcção de erros, com base na experiência passada (memória) implica a optimização das rotinas o que origina uma maior rigidez de resposta inibindo a criatividade e inovação e, dessa forma, pode constituir um bloqueio ao desenvolvimento organizacional e à sua própria aprendizagem.
As empresas que aprendem têm, portanto outras características. Para além de incorporarem a experiência passada, possuem outros elementos que alimentam de forma mais pró-activa o sistema de aprendizagem organizacional.
Uma aprendizagem organizacional que vise uma perfeita interligação com a envolvente, no sentido de lhe responder com o máximo de eficácia, num contexto de melhoria contínua, tem os seguintes elementos:
Sistemas de análise e resolução de problemas
Experiência de novas abordagens
Aprender com a experiência e pelo histórico
Aprendizagem pelas melhores práticas de outros
Procura da melhoria contínua
Transferência de conhecimento
Os sistemas de análise e resolução de problemas, visam dotar os indivíduos de metodologias de diagnóstico de problemas de carácter mais científico e menos empírico, afastando-os do perigo da análise rotineira e assente nos modelos resultantes da experiência passada. O recurso aos sistemas de informação, diagramas de causa-efeito, correlações e outros métodos estatísticos passam a fazer parte dos processos de decisão.
O estímulo e o incentivo para a experimentação com novas abordagens, e novos modelos de acção, permite pôr em status quo incrementando a inovação e a criatividade e incorporando permanentemente novas aprendizagens. Este elemento do sistema de aprendizagem organizacional tem por objectivo desenvolver o comportamento generalizado de assumpção de riscos e desencorajar respostas estereotipadas. Constituem exemplos de como se pode estimular a experimentação de novas abordagens programas continuados de incentivo à criatividade e à inovação, criação de equipas de projectos multidisciplinares que permitem a incorporação de ideias de diferentes fontes de saber e diferentes experiências, e a circulação de pessoas por diferentes cargos.
As empresas têm de aprender com os seus erros e os seus sucessos. Esta aprendizagem pela própria experiência e pelo histórico permite detectar os factores de sucesso e insucesso no sistema organizacional. Nas organizações que aprendem, o fracasso funciona como feedback de que algo não está bem e é indutor de medidas correctivas na senda do sucesso.
A aprendizagem pelas melhores práticas de outros, procurando não inventar o que já está inventado, é uma via fundamental para incrementar o processo de desenvolvimento de novas e melhores aprendizagens. Com o objectivo de aprender com outros as empresas recorrem frequentemente ao benchmarking.
Todo o processo de incorporação de novas aprendizagens de pouco serve se não houver uma transferência de conhecimento rápida e eficaz no seio da organização. Para esse efeito, as empresas possuem vários mecanismos de desenvolvimento deste processo que podem passar por meios de comunicação escritos, como revistas internas, relatórios, divulgação na intranet, medidas de gestão de pessoas como a rotação de pessoal, programas de formação, mas acima de tudo, desenvolvendo uma cultura de comunicação interpessoal aberta e assente na escuta activa e na critica construtiva.
Em suma, as empresas que aprendem estimulam a variabilidade e a flexibilidade de processos, procurando continuamente alternativas de acção mais eficazes, generalizando-as pelos seus colaboradores. Esta procura da melhoria contínua traduz-se na insatisfação com os resultados alcançados e num clima organizacional de permanente exigência na conquista da perfeição.
A aprendizagem organizacional e a consequente melhoria contínua é um estado de espírito que deve «atravessar» toda a organização e que se traduz em atitudes de curiosidade intelectual e de enfoque nos clientes com o propósito de os surpreender pela positiva.
As empresas procuram, pelo desenvolvimento do seu mind power, uma maior robustez organizacional e um potencial acumulado que lhes permita uma maior flexibilidade de respostas aos diversos cenários de uma envolvente pressionante.
A formação para o desempenho do cargo e para o desenvolvimento é, sem dúvida, um excelente meio para estimular este processo.
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