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A Cartomante
(Machado de Assis)

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A Cartomante, Machado de Assis
Fonte: ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro : Nova Aguilar 1994. v. II.
Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>

Resumo >>>

Camilo ria da bela Rita por esta ter ido a uma cartomante. Ela temia perdê-lo. Ele temia que Vilela descobrisse.

Afirmou ela que os homens não creem em nada, embora Camilo se sentisse lisonjeado pela preocupação.

Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado.

Camilo entrou no funcionalismo. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa, Rita; abandonou a magistratura e abriu banca de advogado.

Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade.

Com a morte da mãe de Camilo, Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita
tratou especialmente do coração e chegaram ao amor.

Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo.

Um dia, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. As visitas cessaram inteiramente.

Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a causa do procedimento de Camilo.

Camilo recebeu mais cartas anônimas e temia que o anônimo fosse ter com Vilela. Rita concordou que era possível.

Daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado.

Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas.

Combinaram os meios de se corresponderem , em caso de necessidade.

No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora."

De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo.
Não achou nada.

Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, mas não o fez.

No caminho passou pela casa da cartomante e entrou para consultá-la.

— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...

Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.

— As cartas dizem-me...

...que não tivesse medo de nada.

Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.

— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.

E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação:

— Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.

A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.

Daí a poco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.

— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?

Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensangüentada.Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.



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