Análise Do Comportamento No Laboratório Didático
(MARIA AMELIA MATOS GERSON YUKIO TOMANARI)
1. Apresentação
O manual em questão introduz alguns conceitos fundamentais à Análise Experimental do Comportamento aos alunos de Psicologia, com o intuito de instrui-los a determinadas práticas de laboratório, exercícios em laboratório e também lhes fornecer algumas informações complementares como manutenção do biotério, equipamento de trabalho e etc.
Sua característica principal diz respeito à tentativa de propiciar condições para que a postura e pensamento científicos façam parte das atividades diárias do aluno. Por isso o manual é proposto na forma de questões que deverão ser respondidas experimentalmente, submetendo os alunos à busca pelos problemas relativos ao comportamento e à lógica e suas soluções.
Solicita relatórios parciais no inicio das atividades para, com o passar do tempo, poder passar a relatórios completos.
À medida que novos relatórios forem sendo elaborados as exigências tendem a ser gradualmente aumentadas.
2. Por uma ciência natural: a Análise Experimental do Comportamento
A Análise Experimental do Comportamento é uma área da Psicologia ligadas às ciências naturais (como a Biologia, a Física, a Química) e por isso não utiliza explicações que recorrem a fatores que não existam nas dimensões espacial e temporal (ex: metafísica e efeitos sobrenaturais).
Nela, os organismos que se comportam são vistos como produtos de processos biológicos evolutivos. Os comportamentos são processos naturais dirigidos pelo ambiente, e é aí que encontramos a relação funcional entre variáveis. Em Análise Experimental do Comportamento, o comportamento é uma variável dependente e os fatores ambientais as variáveis independentes.
Esta análise privilegia o estudo de ‘aprendizagem’ e os vários processos capazes de modificar o comportamento, dando aos analistas comportamentais, a ação chamada de ‘controle do comportamento’, que é, para o analista, procurar identificar variáveis e condições que afetem o comportamento e assim, disponibilizar para nossa cultura uma forma de conhecimento e tecnologia a fim de tornar nosso modo de viver mais inteligente, justo, menos arbitrário e até mais alegre. Então, o controle do comportamento pode ser parte importante para auxiliar na melhoria da condição de vida de todos, já que esta análise permite também afirmar que comportamentos de qualquer tipo podem ser modificados, ensinados e até ‘des-ensinado’
Este controle permite compreender e modificar não só comportamentos observáveis como também sentimentos e emoções.
A Análise do Comportamento envolve várias tecnologias comportamentais aplicas (terapia comportamental, ensino programado, medicina comportamental e etc.) e uma filosofia da ciência que, recentemente, tem sido chamada de Behaviorismo Radical (Radical, aliciado à raiz, principio).
No Behaviorismo Radical o ambiente deve ser entendido de forma ampla, podendo se tratar tanto do mundo externo ao organismo quanto ao mundo privado (comportamento observável e inobservável).
Assim Skinner desenvolveu um modelo de seleção do comportamento, como forma de compreender as mudanças que ocorrem no comportamento dos organismos. Esse modelo revela influencias diretas da Teoria da Evolução, em relação à maneira como essa teoria descreve os mecanismos pelos quais uma determinada característica fenotípica de uma espécie é selecionada e subsiste. Esta seleção ocorreria sobre os efeitos dessas características sobre adaptação e sobrevivência.
Para Skinner, o comportamento está em constante mutação e sofre também influencias de contingências filogenéticas, ontogenéticas e culturais.
Os procedimentos laboratoriais da Análise do Comportamento envolvem técnicas elaboradas, como modelagem, esvanecimento, esquemas de reforço; sua linguagem inclui uma série de conceitos descritivos, como os de reforço, de punição, de operante e de equivalência de estímulos, apenas para citar alguns exemplos.
3. O laboratório didático como oportunidade de iniciação cientifica para alunos de graduação em Psicologia
A Análise Comportamental no Laboratório Didático deve propiciar ao aluno a oportunidade de testar e estudar alguns princípios básicos desta análise (tias como reforço, extinção, reforço secundário, esquemas de reforçamento, discriminação e generalização de estímulos, controle de comportamento por estímulos aversivos e etc) e promover condições para a iniciação cientifica do estudante nos modos de pensar e investigar de uma ciência experimental, permitindo ao aluno fazer parte do processo de constante evolução cientifica.
Para isso, a iniciação cientifica no laboratório didático deve se dar não só pela aquisição de conhecimentos e habilidades, mas também de atitudes que fazem parte do modo de pensar e atuar de um pesquisador.
Estas práticas de laboratório devem buscar promover:
· O contato do aluno com uma pergunta a ser respondida experimentalmente;
· O contato do aluno com a metodologia experimental;
· O contato do aluno com a observação e o registro do comportamento dos organismos por meio de compreender e eventualmente alterar esse comportamento;
· O contato do aluno com as representações quantitativas dos dados como meio de analisar o comportamento;
· O contato do aluno com a ‘frustração experimental’, quando os dados não confirmarem suas hipóteses;
· O contato do aluno com a necessidade de explicar o comportamento estudado e de que estas explicações sejam verificáveis (com princípios verificáveis e refutáveis), falseáveis (que possam ser demonstradas como falsas) e parcimoniosas (explicação mais econômica e discreta);
· O contato do aluno com a importância de colocar suas descobertas à disposição da comunidade, bem como sob seu julgamento, e de faze-lo com clareza e precisão;
· O contato do aluno com situações em que se discutem as diferenças entre o comportamento de organismos de diferentes espécies;
Resumos Relacionados
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- Etologia
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- Comportamentalismo
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