O Talentoso Ripley
(Patrícia Highsmith)
“O Talentoso Ripley”, publicado em 1956, é um romance policial de grande densidade psicológica. Página por página a mente de um sujeito oportunista é destrinchada com minúcia e reverência à análise de comportamento e ambigüidade dos atos e dos desejos humanos. Nesta obra, acompanhamos Tom Ripley, um rapaz estranho que alimenta um ódio secreto por si mesmo. Ele despreza a vida que construiu: as amizades, as festas, os empregos, as conversas, tudo em sua existência o incomoda. Tom mora no quarto de um amigo e se sustenta aplicando golpes financeiros. As coisas começam a mudar para o rapaz, quando ele é procurado por Herbert Greenleaf, pai de um jovem bon-vivant que abandonou a família e os negócios do genitor para viver na Itália. Herbert imagina que Tom é um amigo próximo a Dickie, seu filho, e que poderá influenciá-lo a retornar para os Estados Unidos. Ripley aceita o convite e parte para a pequena Mongibello para encontrar com Dickie – confessa-lhe o motivo de sua viagem e passeia com o playboy por belos pontos da Itália; Tom começa a gostar da vida que o jovem milionário possui (vida a qual sempre desejou). O grande obstáculo para ele é Marge Sherwood, amiga íntima apaixonada por Dickie. Tom desenvolve uma estranha atração-obsessão pelo milionário rapaz e tudo que envolve a vida dele. Ripley crê que Dickie começa a se cansar de sua companhia. Com medo e transtornado, Tom assassina o jovem, assumindo, posteriormente, sua identidade. Ripley cometerá, ainda outro crime, o que leva a polícia a investigar e procurar pelo paradeiro de Dickie Greenleaf. Ripley passa, então a sustentar duas personalidades, lidando com o prazer de usufruir do acesso à cultura, do luxo e das viagens por lugares que sempre aspirou visitar, e com o temor de ser desmascarado e preso.
“O Talentoso Ripley” surpreende e fascina por esmiuçar os estados psíquicos de um homem contraditório que almeja (e acredita merecer) todas as facilidades que o dinheiro pode proporcionar. Tom Ripley é uma personagem, cuja característica principal é a capacidade de conciliar a lógica com o poder de improvisação – que pretende fugir do homem tímido, que para muitos é repulsivo, para outros sem-graça, por isso nutre o sonho de tornar-se admirado pelas pessoas.
Highsmith constrói um romance de alto poder de sugestão; é sutil ao se referir à sexualidade de Ripley, como se o próprio sentisse aversão de sua latente homossexualidade. Todos os caracteres psicológicos das outras personagens são narrados a partir do entendimento do protagonista. Ripley vê, por exemplo, Marge como uma mulher débil e frívola. Mas, só conhecemos Marge pelo prisma depreciador de Tom. Aí reside o fascínio de “O Talentoso Ripley”: propor-se desvelar os passos que conduzem a uma sucessão de crimes, estudando os desejos e temores de um psicopata extraindo dessa forma todas as variáveis de uma mente sombria.
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