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As Invasões Bárbaras e a Ciência criticada por B. F. Skinner
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No filme de Denys Arcand deparamo-nos com Rémy, ex-professor acadêmico que vê toda a sua existência ser ameaçada por um câncer em estado avançado.
A fim de quebrar algumas barreiras no relacionamento pai-filho, extremamente abalado por divergências ideológicas, sua ex-mulher liga para o filho Sebastien, anunciando o estado grave do pai e implorando sua presença junto a ele em tão delicado momento.
O filho que cresceu com o pai ausente e o pai que jamais teve o filho por perto, esta seria uma boa resenha do filme se não adotássemos a visão sobre ciência que B. F. Skinner, brilhantemente, aborda nos primeiros capítulos de seu livro Ciência e Comportamento Humano (1979)
Skinner enfatiza a posição da ciência nos tempos modernos, deixando evidente a necessidade latente de aplicá-la da forma correta, a fim de que a ordem seja finalmente alcançada na esfera dos assuntos humanos.
A questão é que, no mundo contemporâneo (fielmente reproduzido no filme de Arcand) fica ainda mais clara a idéia de Skinner de que a ciência evoluiu consideravelmente enquanto a humanidade não acompanhou tal progresso.
Vivemos numa sociedade onde a ciência se faz presente e constante, mas também afronta a subjetividade de nossos princípios morais e, principalmente, éticos.
Isso é retratado no filme através de diferentes abordagens, mostrando que a ciência se fez essencial a nós, mas nos tornou extremamente manipuláveis e previsíveis.
Nas cenas em que vemos Sebastien utilizar da tecnologia constantemente nos negócios que faz através do celular, na riqueza de informação que consegue obter através dele em relação ao estado de saúde do pai e também quando consegue reunir os amigos de Rémy ou contatar a irmã para assim permitir ao pai uma despedida, embora que virtual, em seu derradeiro momento, enxergamos que a ciência continua a ser benéfica se vista de alguns ângulos enquanto chega a ser prejudicial se vista de outros.
Vemos o privado invadindo o publico e vice-versa, em cenas como o telefonema recebido pela esposa de Sebastien no meio da noite ou quando reparamos nas câmeras de monitoração dispostas também fora da delegacia, que evidenciam a invasão de privacidade por meios tecnológicos que nada mais são que produto da ciência.
A ciência facilita a vida contemporânea de diversas formas e podemos observar isso quando Sebastien consegue um diagnóstico preciso e imediato quando envia por e-mail os exames feitos pelo pai a um amigo especialista em outro país, mas em contrapartida faz com que sejamos dependentes desta ciência e isso também é relatado na cena em que Nathalie - a junkie que tem participação essencial na trama - atira o celular de Sebastien na fogueira, deixando implícita a idéia de que ele precisa se desligar um pouco do mundo em que vive para preservar a peculiaridade daquele momento.
Ao decorrer da trama observamos também o confronto da ciência com questões particulares, tais como a fé e a crença de cada individuo.
Isto pode ser visto na cena em que um representante da igreja procura Graëlle a fim de saber se alguns objetos sacros teriam valor financeiro.
Se adotarmos esta visão critica da ciência, chegaremos a uma idéia em comum: no mundo atual a ciência se tornou um produto do capitalismo, podendo ser alcançada ou fornecida desde que lhe seja imposto um preço justo.
Assim, compramos ciência todos os dias, através dos meios de comunicação, nos produtos que consumimos, nos livros que lemos, e isto é apenas uma pequena amostra do quanto a ciência se tornou ‘corrompível’ ou ‘comercializável’
No filme, vemos o filho conseguir melhores condições de estadia ao pai num hospital onde a maioria dos pacientes mal tinha acesso a condições básicas de permanência, o acesso a um exame específico que demoraria no mínimo um ano a ser feito, a locomoção do paciente em uma ambulância particular, que nada mais são do que exemplos claros da corrupção, não só da ciência, mas também das instituições que a regem.
Analisando a questão da eutanásia disposta no filme, vemos o poder da ciência em prever a morte ao mesmo tempo em que não consegue evitá-la, mesmo que através dela possamos assumir o papel de “anjo da morte” e antecipar a falência de determinado individuo.
Podemos então concluir que a ciência pode ser utilizada em favor ou contra a própria ciência, nos exemplos onde a metadona ajuda a toxicômana Nathalie a iniciar uma possível privação ou desintoxicação em relação à heroína ou no uso da droga em tratamentos clínicos em substituição de alguns fármacos, onde a própria ciência nos torna, no sentido literal da palavra, cientes dos prós e contras desta intervenção.
Além desta afirmação pode-se também incluir o fato de vermos no mundo moderno o confronto da ciência com a ética que a envolve,o que nos permite enxergar que talvez tenhamos nos distanciado da ‘ciência pura’ a qual tivemos acesso no século XIX , época em que o capitalismo assistia ainda a traços de oposição.



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