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Capitalismo x Humanismo: Aspirações entre o Ser e o Ter
(Márcia Elizabeti Machado de Lima e Renata Maria de Sousa)

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                          Capitalismo x Humanismo: Aspirações entre o Ser e o Ter
 
    Analisamos, neste texto, a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, contextualizada na geração dos romancistas de 30, do Nordeste, que trata da problemática da terra, motivo de denúncia social, em que a acusação da injustiça e a desagregação humana se manifestam.
    São Bernardo é uma obra inquietante e inquietadora, perturbadora, que traz em seu regionalismo uma experiência vital que se encarrega de comunicar o problema vivido no sertão nordestino pelo homem sertanejo vitimado e esmagado pelo próprio sistema.
    O que se encontra vinculado na obra não é um simples romance, mas um romance que, gradativamente, assume a importância de representação da realidade, centrado, em especial, nas personagens de Paulo Honório e Madalena. Em suma, trata do conflito entre forças alienantes e forças humanistas, encarnadas nas classes sociais brasileiras. Em São Bernardo, segundo Coutinho (2005), Paulo Honório e Madalena são verdadeiros símbolos de suas classes, na medida em que expressam, em suas ações decisivas, as atitudes típicas mais profundas que elas comportam.
    Então, Graciliano movido pelos sentimentos da causa do sertanejo, recria em Paulo Honório o típico burguês brasileiro que ascendeu em meados da Revolução de 30. Esse burguês liga-se, essencialmente, à mesquinhez da sociedade capitalista da época, que renunciou, talvez, de maneira definitiva, aos princípios democráticos e humanistas de seu período.
    Veremos Paulo Honório pelo ângulo que o vê Madalena: Seu mundo é convencional e vazio, pois o que o move é sua estreita ligação com a “totalidade dos objetos”, que torna possível a realização do ter.
Torna-se imprescindível uma reflexão em torno do período sócio-histórico da Revolução de 30, que nos mostra que a produção desse momento compõe um dos movimentos mais profundos e realistas de nossa literatura.
    Sobre isso Coutinho (2005), afirma que Graciliano é a figura mais alta e representativa do romance nordestino, que tem como foco o homem e seus conflitos sociais e políticos. 
    Os romancistas de 30, do Regionalismo, caracterizam-se por adotarem uma visão crítica das relações sociais,  ressaltando o homem hostilizado pelo ambiente, pelas questões relacionadas à terra, o homem devorado pelos problemas que o meio lhe impõe. As obras nordestinas escritas na década de 1930, se inserem na linha do Realismo crítico, tão em voga nessa década. Além destas características, observa-se que o Regionalismo  identifica fatos, traços, temas, personagens que descrevem e colocam em evidência a região. Neste caso, a região em foco é o nordeste com seu povo, sua linguagem, sua cultura e seusdramas.
    A temática abordada pelo Romance de 30 deixa prevalecer em tudo a questão social, em que o homem é o personagem protagonista; quando não, ele é substituído pelo espaço seco ou, caracteristicamente, nordestino.
    São Bernardo  se insere no ciclo dos romances regionalistas que se desenvolveram ao longo dos anos trinta. Publicado em 1934, tem com pano de fundo a problematica da terra, motivo, agora,  de aprofundamento e  denúncia social , mostrando a condição do homem na sua precariedade, na íntegra , que da ficção nos conduz a uma realidade do agreste  nordestino.
    Assim como afirma (Coutinho 2005) , São Bernardo apesar de suas notórias limitaçoes , de seu carater de transformação “pelo alto”, permitiu perceber com mais precisão, as forças sociais em choque com a realidade brasileira , revelando o quanto era aparente e superficial a solidez daquela sociedade estagnada e mesquinha 
    Os elementos da obra seguem as pegadas do romance realista , com atenção centrada, não somente na denúncia social,  mas também na linguaguem trabalhada enquanto arte. Graciliano ultiliza-se do tema local, da exploração do homem pelo homem, de vidas sofridas entregues ao destino do nordestino já traçado.
    A prosa reúne a produção literária mais significativa do período, pois procura descrever não só as particularidades , mas também as contradições sociais. Entretanto, a narração de Graciliano é de cunho descritivo-reflexivo, pois  evidencia não só a opressão social , mas sim o conflito gerado  pelas  aspirações contrárias que acabam por se dividir entre o ser e o ter.
    Como se nota, Graciliano é um regionalista de cunho social que tem como foco o sertão nordestino, o homem sertanejo, sua vida agreste combinada com sua dramática existência que navega entre o “ser e o ter”.
    Para efeito de contextualização, não podemos  esquecer da Revolução de 1930, que com sua reprodução ideológica acendeu a maioria da população que já estava descontente, uma vez que o governo dava mais atenção aos cafeicultores.
    Com isso, os efeitos da Revolução começam a ser sentidos, o rompimento das olirgarquias regionais , a ascensão da burguesia e a crise cafeeira. Então, é indiscutivél o caráter da obra de Graciliano, produzida  ao calor de conflitos, não, apenas, sócio-econômicos, mas também ideológicos.
 



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