Quincas BORBA
(Machado de Assis)
Vamos assimilar a interpretação que o autor dá ao legado Quincas Borba.
A mensagem está na filosofia de vida denominada: HUMANITAS. Aquela que não foi desenvolvida, mas apenas objeto do diálogo entre Quincas Borba e Bras Cubas no livro publicado em 1881. Portanto, 10 anos antes deste. Lá Quincas Borba foi apenas um dos personagens. Agora o personagem principal é Rubião. Ele irá incorporar esse pensamento filosófico.
Machado de Assis tira Quincas Borba de cena, logo no início. Ele viaja de Barbacena para o Rio de Janeiro, após ter feito de Rubião seu herdeiro, seu discípulo encarregado de praticar tal doutrina e cuidar de um cão o qual recebeu o mesmo nome do dono: Quincas Borba.
O que fez Rubião para merecer a herança a qual vinha já de outros parentes de Borba?
Rubião, ex-professor, era irmão de Piedade. Quincas Borba pretendia se casar com essa moça, porém, ela veio a falecer antes do matrimônio. Este é o laço que liga Rubião a Joaquim Borba dos Santos.
Com a morte de Quincas Borba, Rubião vê-se rico, da noite para o dia. Troca Barbacena pelo Rio de Janeiro onde o romance passa a ser ambientado. Lá dar-se-á as perdas e ganhos; os lucros e perdas, o que vem muito a propósito do tema filosófico ora desenvolvido.
Ivan Cavalcante Proença diz o que muito se tem dito: ¨...SER ESTA A MAIS HUMANA DAS OBRAS DE MACHADO DE ASSIS¨.
Como se verá, Rubião regressará a Barbacena diminuído, vencido, fracassado e doente, comprovando o conceito: ¨ao vencedor as batatas, (os louros), ao vencido a coroa (o insucesso).
Imaginariamente Rubião coroa-se a si mesmo: ¨Pegou em nada, levantou nada e cingiu nada¨. Não foi um herói-mocinho. Não colheu os louros da glória.
Registraremos também um tantinh0o de preconceito, na cena em que crianças se juntavam a multidão, acompanhando a caminhada que Rubião fazia, já então demente. Todos caçoavam do transeunte gira, delirante. Entre elas está Deolindo a criança que foi anteriormente salva por Rubião de um possível atropelamento, ocasião que os pais de Deolindo demonstraram gratidão. Agora faziam vistas grossas, não dando abrigo a um maluco.
É a ironia, os caprichos, do destino. Quem viu LUZES DA CIDADE de Chaplin lembrar-se-á que a moça zomba do herói, aquela que recuperara a visão graças a ele.
Outro fato que revela a falta de juízo de Rubião acontece no interior do coupê. Após Sofia ter entrado no veículo, Rubião entra também e viaja ao lado dela, contra vontade desta. Que mal havia, se ali dentro, com as cortinas baixadas, ninguém os via? Após muita insistência ele desembarca.
Rubião metia-se com ladinos, em transações com a alfândega e em negócios que nada entendia. Estava cercado de gente interesseira sabedores de sua fortuna. Ele ajudava necessitados, doava dinheiro. Ao Dr. Camacho fez empréstimo para salvar seu jornal da falência.. Vivia a mercê de bajuladores. Estava nas mãos de um sócio seu que controlava seus já reduzidos recursos. Este prevendo prosperidade tratou de tirar Rubião da sociedade.
É premissa do autor: ¨Não há bem que sempre dure, nem mal que não se acabe¨. Nós outros desconfiamos negativamente: após a bonança vem a tempestade... o que entra fácil sai fácil.
Entre os frustrados amores de Rubião o principal é Sofia, esposa do Sr. Palha. Ela lhe contou sobre certas investidas amorosas de Rubião. Palha tenta convencer Sofia a não romper com o intruso quando diz: ¨Mas, meu amor, eu devo-lhe muito dinheiro... você sabe, apertos do negócio...¨
A cena aconteceu no jardim da casa e teve por testemunha a solteirona Tonica. Ela surpreende os olhares de Sofia e Rubião ainda durante um sarau. Talvez fosse contar em carta anônima ou pessoalmente para gozar as reações do marido traído.
Rubião saiu de braços dados com Sofia para irem ver a Lua. ¨...voavam juntos até às terras clandestinas” . D.Tonica não quis acompanha-los.
Rubião pede a Sofia que olhasse as estrelas e diz: “ As estrelas são ainda menos lindas que os seus olhos, e afinal nem sei o que elas sejam; Deus que as pôs tão alto, é porque não poderão ser vistas de perto, sem perder muito da formosura... MAS OS SEUS OLHOS, NÃO; ESTÃO AQUI, AO PÉ DE MIM; grandes, luminosos, mais luminosos que o céu...” .
Sofia fazia-se de desentendida, dissimulando.
Rubião, “ trouxera ao colo um pombinho, manso e quieto, e sai-lhe um gavião, um gavião adunco e faminto” , como disse o narrador.
As estrelas pareciam rir, “riam daquilo que não entendem, porque são castas”.
“O fato de alguém chorar enquanto outro alguém ri” (ora rir ora chorar), é lei do mundo.
Segundo BILAC: Rubião entendeu as estrelas porque amava demais, mas certo perdeu o censo.
De um salto vamos a Barbacena.
Rubião fugiu do hospital no Rio. Sentia-se melhor, e rumou para Barbacena, onde foi socorrido por sua comadre. Cosido pela febre veio a falecer. Morre também o cão.
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