Reflexões sobre a Última Ceia II - Oliveiras
(Iam - Diversos Autores)
OLIVEIRAS
O pequeno grupo de amigos, temeroso e angustiado, consentiu em deixá-lo por algum tempo, com suas reflexões, junto às oliveiras. Gostava especialmente daquele lugar. Sentou-se na pedra e cerrou os olhos, pois era chegada a hora da decisão. O corpo demonstrava o seu verdadeiro estado. Gelara. Não conseguia sentir a si próprio. Suava frio. Chamaria a isso de transmutação? Ou medo? Sinais irreversíveis impregnavam sua mente – o que estava para acontecer? Sua vida e sua morte, naquele momento uniam-se de tal forma, que não conseguia estabelecer um só pensamento conclusivo. Quem era, na Verdade? Por que era na Verdade?
Respostas - precisava encontrar em si mesmo as respostas? O grupo aguardava um pouco abaixo e ele teria que dar respostas aos seus anseios.
A Grande Dor se instalara em seu peito. Vontade de chorar, vontade de já ter ultrapassado tal momento de transição. Era isso, uma transição, algo tão indefinido e ao mesmo tempo tão concreto, que se sentiu fraco para suportar. Pediu forças, pediu alento, pediu respostas. O corpo resvalou sobre a pedra. Entregou-se por completo. Não perderia tempo pensando no prognóstico de um pesadelo nebuloso. Preferiu sentir o Todo. Deixar que o Universo penetrasse em seu íntimo, para acalmar de fato o coração. Lamento e agradecimento, pela enormidade da missão. Tudo. De uma só vez. Doloroso e inebriante. Gigantesco. E tão pequeno face à necessidade.
No colo da noite, a pauta da Vida, o abraço da Morte.
Como realidade, a certeza de ser o responsável único por toda a experiência. Na sensação de abandono, sentiu a Presença, que nunca o deixaria só. Transfigurado, levantou-se em direção ao grupo.
Por Iam, 2009
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