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Fenomenologia da queixa depressiva em adolescentes
(Virginia Moreira et alter)

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Fenomenologia da queixa depressiva em adolescentes: um estudo crítico-cultural

As autoras iniciam o estudo afirmando que atualmente a depressão está cada vez mais presente entre os adolescentes. Lançam as hipóteses de que a depressão está relacionada com a cultura na qual os adolescentes estão inseridos, que a sintomatologia depressiva na adolescência é diversa daquela apresentada pelos adultos e de que a depressão está relacionada com o modo de vida do adolescente. Os objetivos foram compreender a relação entre depressão e cultura e compreender o fenômeno da depressão apresentada pela clientela do SPA/NAMI, o Serviço de Psicologia aplicada da Universidade de Fortaleza.
Prosseguem afirmando que a adolescência é um período de características próprias no qual o indivíduo constitui a sua personalidade e desmorona velhas certezas, que a adolescência na atualidade é um período cada vez mais longo e que não se relaciona somente com a faixa etária, mas principalmente com o modo de vida. Discutem o conceito de normalidade e anormalidade (ou de sadio e patológico), afirmando com base em outros estudos de que isto depende da flexibilidade e da adaptação do sujeito aos seus conflitos, sendo que o anormal ou patológico seria a fixação ao longo do tempo.
Argumentam em favor de sua hipótese com base em outros estudos que também afirmam que a depressão está relacionada com a cultura, que o capitalismo prega um modo de vida maníaco e agitado, que exclui certos rituais de passagem outrora presentes (baile de debutante, luto de três dias, etc). Conceituam a depressão com base no CID 10 e no DSM IV e descrevem o funcionamento da Clínica Escola do SPA/NAMI, onde a maior demanda é de jovens de classes sociais de baixa renda.
Usaram a metodologia fenomenológica de Merleau-Ponty na análise de 20 prontuários do período de 2000 a 2003, de jovens da faixa etária de 15 a 18 anos que apresentavam queixas depressivas. Em seguida passaram para as demais fases da pesquisa fenomenológica: a redução e a compreensão da vivência de depressão pelos adolescentes. O texto da transcrição dos prontuários foi elaborado a partir de três passos:
a) Transcrição literal do prontuário;
b) Análise descritiva buscando o sentido da experiência de depressão vivida pelos adolescentes;
c) Busca das categorias que emergem das falas dos adolescentes relacionadas à descrição da queixa depressiva, à adolescência, ao mundo dos sujeitos e sua cultura.
Os resultados encontrados foram: a queixa depressiva é vivida como uma experiência do contexto familiar; religioso, no que se refere à dualidade bem e mal e valores impostos; experiência amorosa; referem-se ao suicídio como possibilidade de findar o sofrimento e a perda de sentido da vida; a percepção de si mesmo; a experiência com a droga como um modo de vivenciar o mundo; a importância da formação de pares, seja para lidar com a depressão, seja como suscitadores de sofrimento; o modo como o adolescente lida com a experiência da adolescência; descrevem o mundo como uma experiência de despotencialização e de injustiça social.
As autoras discutem os resultados afirmando que a fenomenologia da depressão está relacionada com o contexto social dos adolescentes, que a depressão na adolescência tem aumentado devido a exigências da sociedade como valorização da autonomia e independência. Apontam que numa cultura de consumo e intolerância à dor, o adolescente busca a depressão como uma forma de auto-regularização. Concluem dizendo que esta pesquisa tomou um rumo na investigação da depressão na adolescência, mas que outros podem existir. E compreendem que esta pesquisa contribui para uma maior fundamentação do atendimento psicológico de adolescentes naquela região (Fortaleza-CE).
A meu ver esta é uma pesquisa muito bem fundamentada, organizada e clara, permitindo ao leitor uma fácil compreensão dos objetivos a que se propõe. Também pode-se compreender bem o processo e a importância da descrição na pesquisa fenomenológica, visto que ao abordarem os prontuários dos adolescentes com queixas depressivas, as autoras não buscaram a causa ou o porque da emergência da depressão, mas buscaram compreender a depressão a partir do relato dos próprios depressivos sobre a vivência que estes apresentaram, sem procurar enquadrá-los em uma nosografia pré-concebida.
Achei interessante o fato das autoras chamarem a atenção para a relação entre depressão e cultura, de como uma psicopatologia pode estar relacionada ao contexto social em que se vive, e à vivência de cada adolescente com vários aspectos de sua vida, o que sugere que o sujeito constrói a si próprio de forma ativa na sua relação com o mundo.



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