Resumo de Inserção na Comunidade e Análise de Necessidades

Inserção na Comunidade e Análise de Necessidades: reflexões sobre a prática do psicólogo

Quais as conseqüências tanto para o psicólogo quanto para a população da comunidade relativas a cada objetivo estabelecido?
?Quando os objetivos são estabelecidos a priori, os limites sobre o que fazer são mais claros para o psicólogo e torna-se mais fácil identificar o fenômenos psicossociais e instrumentais que devem ser utilizados, além de se manter delimitado o papel que o psicólogo deve ter na sua relação com a comunidade. O papel do psicólogo não é questionado e nem sua identidade como profissional e produtor do conhecimento é ameaçada.
Já, para a comunidade, a conseqüência é que esta é vista e se assume como inquestionável e imutável, tendo uma vida e uma dinâmica de relações já dadas e prontas, fortalecendo assim o conformismo e a passividade de modo que ele fique em uma posição de receptora dos serviços e benefícios fornecidos pelo psicólogo. A sua identidade também não é questionada e nem ameaçada, podendo inclusive correr o risco de ser classificada como menos capaz, menos lutadora, conformista, sem futuro e sem esperança. Este tipo de inserção e relação (com os objetivos estabelecidos a priori) infelizmente tem contribuído para gerar tais classificações.
?Quando os objetivos são estabelecidos a posteriori, o psicólogo insere-se na comunidade orientado pela necessidade de serem detectadas, conhecidas e mapeadas as demandas, dificuldades e problemas vividos pela população.Uma conseqüência disso é a incerteza sobre o quê e como fazer e o desconhecimento sobre as necessidades e a vida da população. Neste caso, a própria população é quem vai viabilizar a obtenção de informações, para o psicólogo, então, a posteriori definir o objetivo do seu trabalho. Aqui cessa a participação da população no processo de definir os objetivos.
?Na outra forma, em que os objetivos para o trabalho também são definidos a posteriori, os passos para o conhecimento e levantamento de dados pouco mudam, o que muda é que, nesta forma, há um processo decisório participativo, onde ambos (psicólogo e comunidade) discutem, analisam e definem as problemáticas e suas resoluções, e também neste caso, nem psicólogo nem comunidade estão definidos e suas identidades e papéis não são fixos e imutáveis.
Formas de contato com a comunidade:
A última forma de contato analisada (objetivos definidos a posteriori e com a participação da comunidade) traz consigo a idéia de que seria uma forma mais completa de conhecer quem se aborda e de se construir um ‘mundo psicossocial’ de acordo com as preocupações da comunidade. Há exemplos desta forma de contato em toda a América Latina, que possui populações que passaram por governos ditatoriais onde foram suprimidos até os direitos mais básicos do ser humano. Esta forma de inserção deve se dar levando em conta três aspectos:
a. as necessidades da população é que devem indicar os caminhos para o psicólogo.
b. o trabalho do psicólogo deve ajudar a construir uma maior autonomia da comunidade em relação a si própria.
c. o psicólogo, apesar das dificuldades de percurso, possui um domínio específico para sua ação e atuação.
Trabalhar na comunidade com estas preocupações, significa descobrir que a população, ao contrário de desvalida e desamparada, é na verdade lutadora e sobrevivente por natureza. E é claro que ao inserir-se na comunidade, o psicólogo fica em uma posição frágil quanto à sua autoridade no processo de conhecimento e ao seu próprio processo de formação, em termos dos clássicos paradigmas que aprendeu.

Quais são as estratégias e os instrumentos utilizados para o levantamento de dados da comunidade?

Os instrumentos utilizados são:

?Entrevistas muitas vezes realizadas de maneira coletiva;
?Conversas informais;
?Visitas às casas;
?Registros de acontecimentos;
?Recuperação da história da comunidade;
?Resgate de documentos do saber popular;
?Encontros não programados.

As estratégias objetivam:

?Coleta de informações sobre a comunidade;
?Identificação de necessidades e problemas da comunidade;
?Detecção dos modos alternativos de enfrentamento e resolução;
?Discussão conjunta, com a comunidade e seus representantes;
?Constituição dos grupos para a execução das alternativas;
?Avaliação continua e reformulação dos caminhos adotados.

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