Hércules E PLUTÃO - FÁBULAS
(ESOPO)
Embora seja levada à conta de mitologia grega, por causa da sua conclusão moral esta é contada em todas as traduções das fábulas de Esopo que consultei. O herói dos famosos “Doze Trabalhos” por causa dessa fama é convidado por Zeus ao Olimpo. Na Mansão dos Deuses, Hércules cumprimenta com reverência a todos os deuses que lhe são apresentados, mas quando lhe apresentam Plutão, o deus dos Infernos, diz a fábula que o herói desvia o olhar e não o cumprimenta. Chamado à parte pelo Supremo Senhor do Olimpo, responde à interpelação de Zeus, dizendo: ”Quereis saber, Divino Senhor, por que não reverenciei o senhor das Trevas? É que, seguindo a lição divina do Bem, nunca pactuei com os maus e eu sempre o vi incentivando o mal entre os homens”. Não conta Esopo, nem seus tradutores, nem La Fontaine e nem Fedro nada sobre algum comentário de Zeus, ou alguma apreciação sobre a aceitação do senhor do Mal entre os seres celestiais. Semelhante perplexidade sofremos também frente à introdução ao livro de Jó, onde o texto bíblico informa que o herói Jó é atacado pelo senhor das trevas com autorização do senhor da luz e que “no dia em que as criaturas celestes visitavam Jeová em seu palácio, no meio deles se apresentou Satanás”. Perderam os narradores em ambos os casos a oportunidade de informar que Bem e Mal são situações relativas à posição em que os seres se enfrentam. De qualquer modo teremos que entender que no caso dos heróis humanos que defendem a melhora e sobrevivência da espécie, há um inimigo que se esconde nas trevas e que, pode até ser aceito por um Supremo Senhor que criou a todos, mas que não merece nossa reverência pois quer a nossa perdição.
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