Jornalismo: Controlo Social na Redacção (Parte 2)
(Warren Breed)
( continua de Parte I mencionada em baixo em 'Links importantes' ) ---------------------------------------------------------------------Estes seis factores, mencionados na Parte I promovem o conformismo com a política editorial do jornal. O staffer, em especial o novato, identifica-se a si próprio e relaciona-se com os executivos e staffers veteranos através destes seis factores. O staffer novato conforma-se mais com as normas da política editorial do que com quaisquer crenças pessoais que ele tivesse trazido consigo próprio, ou ideias éticos.Estes seis factores contribuem para a formação de um grupo de referência para o novato, mas também para a formação do comportamento do grupo de referência. Os subordinados tendem a ter estima pelos seus patrões; as aspirações de mobilidade são um promotor óbvio de laços entre as várias posições que cada um tem dentro do jornal, bem como a falta de lealdade entre grupos rivais.Situações que permitem desvios«O que acontece quando um staffer apresenta uma notícia contra a orientação editorial?»O processo de aprendizagem da orientação política cristaliza-se num processo de controlo social, no qual se castigam os desvios com reprimendas, cortando o artigo, recusando um comentário de modo amigável por parte de um executivo, etc.De vez em quando, aparecem casos em que um staffer encontra impressos os seus artigos contra a política do jornal. «em que condições é que o staffer pode desafiar ou iludir a política editorial?» Parecem existir cinco factores significantes dentro da área de influência do repórter que o ajudam a iludir a orientação.1. As normas da política editorial nem sempre são completamente claras, uma vez que muitas são vagas e não estruturadas. A política editorial é dissimulada por natureza e tem um largo raio de acção.2. O staffer tem a opção de selecção em muitos pontos. Pode decidir quem entrevistar e quem ignorar, que perguntas fazer, que citações anotar, e ao escrever o artigo que itens realçar e quais enterrar, e de um modo geral, que tom dar aos vários elementos da notícia.3. Um staffer que obtenha uma boa “estória” e não a consiga publicar, pode publicá-la noutro jornal e apresentá-lo depois ao seu editor, alegando que a matéria se tornou demasiado importante para ser ignorada.4. É possível classificar as notícias em quatro tipos tendo por base a fonte de origem: a reportagem política ou de campanha, a reportagem atribuída, o beat story e a reportagem iniciada pelo staffer. A autonomia deste último é maior com este último tipo do que com os anteriores. 5. Os staffers com estatuto de “estrela” podem, facilmente, transgredir a política editorial.Estes cinco factores indicam que, sob certas condições, os controlos que levam ao conformismo com a política editorial podem ser ultrapassados, pelo que existem algumas limitações da força da política editorial.Consequência do padrãoPara a sociedade como um todo, é mantido o sistema existente de relações de poder. A política do jornal protege, geralmente, a propriedade e os interesses de classe e, por isso as classes sociais e os grupos detentores destes interesses estão melhor habilitados para os reter. Para os jornalistas, as adaptações parecem ir neste sentido: 1) manter-se no emprego, mas limar as arestas da política editorial; 2) tentar reprimir o conflito de forma amoral e anti-intelectual; 3) tentar compensar, vingando-se noutros contextos, escrevendo “a verdade” para publicações liberais.Possíveis alternativas e mudançaTalvez a pressão sobre o publisher seja o ponto onde se deve iniciar a mudança, nomeadamente através de um código profissional mais forte. Os cidadãos, os códigos profissionais, sindicatos, escolas de jornalismo e os críticos podem dar origem à mudança de atitude do jornal. Todavia, é o publisher o primeiro a ser mudado.SumárioAs acusações de parcialidade contra a imprensa centram-se em torno do modo como a política editorial é seguida: 1) a política transgride, algumas vezes, as normas jornalísticas; 2) os staffers, muitas vezes, discordam pessoalmente dela; 3) os executivos não podem legitimamente obrigar a que essa política seja seguida. Assim, concluímos que a política do publisher é geralmente seguida, e a dinâmica da situação sócio-cultural da redacção sugere explicações para este conformismo. A fonte de recompensa dos jornalistas não se situa entre os leitores, mas entre os seus colegas e superiores, eles redefinem os seus valores até ao nível mais pragmático do grupo redactorial.
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