Lucidez DE PENSAMENTO
(João M. Brito Sousa)
LUCIDEZ DE PENSAMENTO
A obra, que reflecte de certo modo as memórias do autor, coisas e situações ouvidas aqui e ali, diz quem com ela já tomou contacto, tem o seu encanto. Fala um pouco das lides campesinas de outros tempos que já não se usam hoje, do levar o gado ao rego nas lavouras, das regas e de outras, fala das relações do autor com a mãe, da Liberdade e do amor. É uma obra que se lê com agrado, que de certo modo agarra o leitor, proporcionando-lhe um bom ritmo de leitura. Curiosas a relação de Zélia com Soares, ambos professores, e ainda com Esteves, um lavrador da Beira Alta com um coração do tamanho do mundo mas muito mulherengo.
Por último, o aparecimento de Olga e do ex Fernando, personagens um pouco estranhas na óptica do papel que desempenham no enredo, mas que o autor se serve para revolucionar um pouco as relações humanas, contrariando a tese de que não é necessário um namoro de dez anos para se ir para a cama com uma mulher, nem esse ir para a cama, entre pessoas recém conhecidas, não possa ser um ir para a cama para dormir, apenas.
Obra com algumas citações de autores consagrados, uma particularidade que o autor cultiva, parecendo ter prazer em dividir com eles o que tem para dizer aos leitores, uma questão tida como abusiva por uns e por outros não, mas que o autor mantém, por defender a universalidade da literatura, ou seja, por entender que as ideais devem circular.
O título da obra apela ao bom senso nas decisões que todos nós temos de tomar durante a vida, onde nem sempre as decisões tomadas são as melhores.
Cremos que é um livro a recomendar.
Modestamente,
SOUSAFARIAS
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