Quando os lobos uivam
(Aquilino Ribeiro)
Aquilino Gomes Ribeiro nasceu a 13 de Setembro de 1885, no concelho de Sernancelhe, Beira Alta, e faleceu em Lisboa a 27 de Maio de 1963, sendo considerado um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do séc. XX. Inicia a sua obra em 1913 com “Jardim das Tormentas” (contos) e com “A Via Sinuosa” (romance, 1918).
“Andam Faunos pelos Bosques” (1926), “A Casa Grande de Romarigães” (1957), “O Malhadinhas” e “Quando os Lobos Uivam” (1958), traduzem bem as tendências constantes da sua ficção: uma atenção indefectível ao pulsar do campo, tanto como à vibração sensual do corpo no ser humano ou seja: um regionalismo apegado à terra campesina e às suas gentes, sem contudo deixar de ser universal nos seus caracteres e descrições; uma ironia complacente perante os vícios humanos comuns; uma crítica violenta da opressão política e do fanatismo ideológico...
A primeira fase da sua obra romanesca, que se prolonga até 1932, espelha bem a sua origem rural, tendo como temas dominantes a exaltação do amor carnal e a integração do homem no conjunto das forças naturais.
A partir de 1932, são já as personagens e ambientes urbanos que dominam a sua obra romanesca.
Ao longo da sua vida, Aquilino Ribeiro exerceu uma intensa actividade literária, abrangendo, além da ficção, biografias, crónicas, ensaios históricos e literários, textos polémicos, a par com a tradução de textos marcantes da literatura mundial.
Enquanto escritor, Aquilino não pode ser enquadrado em nenhuma das escolas e tendências da sua época, tendo na literatura portuguesa um lugar à parte, tendo mesmo chegado a ser proposto para o prémio Nobel da Literatura!
Pode contudo afirmar-se que é um continuador de Camilo Castelo Branco.
O seu estilo caracteriza-se por uma riqueza vocabular que só encontramos em Camilo, estando os seus textos plenos de arcaísmos, regionalismos e termos da gíria popular. Algumas das suas obras exploram temas lendários e hagiográficos. Tudo isso contribui para a criação de um ambiente pesado, quiçá barroco, muito contra o que em termos de literatura urbana o séc. XX proporcionava.
Admitindo como válida a comparação, pode defender-se que Aquilino está para a literatura portuguesa como Jorge Amado está para a literatura brasileira, tanto ao nível da temática explorada, como em termos de linguagem e crítica social. Presente tenho, a este nível, a obra “Tereza Batista cansada de Guerra”, que é hermética para quem não consiga dominar os regionalismos brasileiros ou a sua cultura religiosa….
Em 1958 publica o romance “Quando Os Lobos Uivam”, que teve um sucesso retumbante, sendo que em Março de 1959 é-lhe instaurado um processo por esta publicação, processo judicial este de natureza censória.
A edição em meu poder é uma edição de coleccionador, saída por ocasião dos 50 anos da publicação de “Quando os Lobos Uivam”: não é para todos os bolsos, mas vale (para além do texto), pelo prefácio e pelas belíssimas ilustrações.
Em podendo, a não perder!!!
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