Buscando SUPERAR O TRADICIONALISMO TECNICISTA DA EDUCAÇÃO
(Ana Luiza Domingues do Carmo)
O presente estudo almeja analisar o impacto deixado pela antiga Companhia Siderúrgica Belgo Mineira sobre a formação educacional da cidade-empresa de João Monlevade. Sendo assim, a uma forte resistência da comunidade escolar em aceitar às novas metodologias de ensino humanistas, pois estas, entram em contradição com o tradicional modelo tecnicista, que tem sido aplicado, pela influência das atividades econômicas desenvolvidas na área, pela Empresa acima citada.
Diante do exposto se faz necessário desenhar uma estratégia educativa humanista para que as escolas públicas de João Monlevade possam contribuir para a formação cidadã (mais consciente, crítica e ativa) e profissional, em correspondência com a realidade e as necessidades de sua comunidade.
Vem se verificando uma relação paternalista da localidade junto a Empresa, ou seja trata-se de uma cidade-empresa, um centro urbano - industrial que foi criado em função da instalação da antiga Companhia Siderúrgica Belgo Mineira em 1935, que até hoje pode ser considerada a direcionadora cultural, política, social, educacional e econômica do município.
A prática educacional do município vem sendo caracterizada com uma tendência muito tecnicista e limitada, onde as escolas, muitas vezes obedecem a imposições e a comunidade tenta seguir estas, para garantir um emprego futuro nas empresas dominadoras da região e uma vaga nas faculdades locais. E, assim sendo, os sérios problemas de formação ética e cidadã vêm permanecendo.
Logo, esta passando da hora de se introduzir em João Monlevade novas tendências pedagógicas, compatíveis com a realidade e a necessidade local, para que se possa ter uma formação mais humanista, onde os membros da sociedade passem a ser sujeitos interativos, participativos e críticos, tenha nas escolas uma proposta pedagógica dialética, reacionária e multilateral, onde se conheça, discuta e respeite os distintos valores dos homens, que serão formados para serem não só capacitados profissionais, mas também cidadãos críticos, conscientes e atuantes, que busquem mudanças que beneficiem a todos, como propõe Vigotsky.
Historicamente, verifica-se que diante da prática econômica oferecida, a Companhia, no momento de sua instalação (1935) só buscava treinar profissionais para trabalhar na Usina. Esta força de trabalho não precisava desenvolver sua capacidade intelectual consciente e ideal, bastava produzir os bens materiais de forma mecânica e repetitiva, podendo ser até analfabeto, já que " apertar parafusos" não exige conhecimento e consciência econômica e política bem fundamentada.
Segundo minhas análises, os laços paternais entre João Monlevade e a Empresa Belgo Mineira começam a desfazer-se entre 1964 a 1969. Período em que ocorreram duas greves sindicais e a conquista de emancipação, tornando-se um município. Neste momento a Belgo vai "deixando" de ter parte da responsabilidade político-administrativa sobre João Monlevade, passando isto ser função da nova prefeitura.
Todavia, esta sociedade de mercadoria não desapareceu, sendo necessário, ainda hoje, sobreviver e viver nesta. Para tanto, eis então alguns problemas que atualmente se manifestam na sociedade de João Monlevade: O município permanece controlado pelos interesses capitalistas neoliberais das grandes empresas em seu território instaladas; Mínimas ações governamentais de incentivo e patrocínio ambiental e cultural; Grande desinteresse populacional por assuntos político-culturais; Queda da qualidade e da credibilidade da rede pública de ensino; Crescente desinteresse e descrença dos pais e alunos pelas escolas públicas, professorado, conteúdos e competências desenvolvidas nessas; Crescimento do número de instituições privadas de educação de ensino fundamental e médio; Grande procura e oferta de cursos técnicos profissionalizantes privados, direcionados para as áreas de oferta de emprego das grandes empresas instaladas no município ( Grupo Arcelor - Mitall e Companhia Vale do Rio Doce ); Dificuldade de acesso e manutenção da classe baixa na educação superior; Professores desestimulados e desatualizados; Alunos sem uma formação crítica-cidadã; Educação tecnicista, limitada e alienada; Grande distância entre a teoria proposta e as possíveis mudanças que não estão sendo estipuladas.
Acredito que a proposta pedagógica que tem mais peso e viabilidade na realidade de João Monlevade é a de Vygotsky, que coloca que o homem é um ser material e social, sendo um resultado do desenvolvimento histórico da humanidade, pois a formação de um indivíduo se dá, inicialmente, na sociedade ( externamente ), para depois se interiorizar.
Vigotsky introduz ainda, o conceito de ZDP ( Zona de desarrollo próximo), que segundo ele, seria a distância entre o desenvolvimento real da criança e aquilo que ela tem o potencial de aprender. A partir deste distanciamento, se é possível averiguar os caminhos, métodos e meios mais adequados de se ensinar e aprender, verificando também, os limites e habilidades do aluno, enfrentando assim, os desafios da aprendizagem.
Sendo assim este estudo é de suma importância, não só para as escolas e alunos da cidade de João Monlevade, mas também para uma âmbito global, propondo um equilíbrio entre a qualidade sócio-política e cidadã de conhecimento que está sendo produzido e a preparação do jovem para o mercado de trabalho, coisas que não estão sendo levadas em conta e desenvolvidas integralmente no município.
Para tanto, deve-se começar a desenvolver nas escolas uma nova proposta pedagógica, dialética, reacionária e multilateral, onde se conheça, discuta e respeite os distintos valores dos homens, que serão formados para serem cidadãos críticos, conscientes e atuantes.
Com estas mudanças, poderemos ter um nível melhor de ensino público, e conseqüentemente, uma profissional bem formado, que não repita ações mecânicamente apenas, mas que haja de forma consciente, transformadora e crítica, buscando cada vez mais aperfeiçoar suas ações e melhorar, tanto em termos quantitativos, quanto qualitativos sua produção.
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