A Grande Arte
(Rubem Fonseca)
Publicado em 1983, “A Grande Arte” apresenta uma multidão de personagens bizarros, intrigantes e afinados com um cenário urbano caótico e violento no qual o embate acirrado, atroz pelo poder caminha ao paralelo das astúcias diárias pela sobrevivência, pelo prazer e pela verdade. As histórias de Mandrake, advogado de prestígio envolvido em complicada relação amorosa com três belas mulheres, e Thales Lima Prado, proprietário de um grande sistema financeiro chamado Aquiles, que é descendente de uma família influente nas primeiras décadas do século XX nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, cruzam-se em um mistério que envolve um videocassete desaparecido, assassinatos, segredos de família, matadores profissionais, prostituição, fascínio pelo uso da faca como arma letal e tráfico de entorpecentes.
Mandrake e seu sócio, Wexler, recebem a vista de uma jovem prostituta, Gisela (cujo nome verdadeiro era Elisa), que diz receber ameaças de um homem, Roberto Mitry, por causa de um videocassete furtado da casa dele. Esse encontro no escritório de advocacia inicia um mergulho no submundo do crime das ambições humanas. Ao conhecermos personagens como o boliviano Camilo Fuentes, um matador que detesta brasileiros (que para ele são falsos, arrogantes e traidores), José Zakkai, o “Nariz de Ferro”, um anão negro que apresenta uma ferocidade pelo poder oriunda de sucessivas batalhas que travou pela sobrevivência, e um mundo de mulheres díspares em sonhos e realizações, desejos e ações, desfaçatez e entrega a paixão, percebemos o quanto as personalidades criadas pelo escritor Rubem Fonseca para os seus contos e romances são originais em suas angústias e convicções. Um ambiente de amoralidade, cinismo e perversidade divide a atenção com momentos inusitados, como o da descrição detalhada de um golpe de faca perfeito e mortal e seus estragos no corpo humano ou a fala de alguma personagem que exibe um conhecimento cultural em situações inapropriadas ou de alta tensão, adiando o clímax e tornando a banalidade e a verborragia aliadas do desenvolvimento ficcional.
“A Grande Arte” estrutura-se como um romance policial de personagens instigantes, de uma violência crua, abjeta como que esquadrinhada da barbárie vista nas metrópoles brasileiras; de um uso incessante da linguagem, seja ela de procedimentos técnicos, de cunho científico, de citações literárias, termos coloquiais ou palavras chulas.
Invariavelmente, “A Grande Arte” é um romance envolvente e tenso que revela um mundo perturbador e propenso aos mais estranhos e vis artifícios na busca pela obtenção do poder, para aplacar a ira ou satisfazer um impulso. Sintonizado com a contemporaneidade de fidelidades brutais e dificuldades de compromissos.
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