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Crítica Moderna
(Friedrich Nietzsche)

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O texto Crítica Moderna, escrito por Friedrich Nietzsche em 1873, nos mostra a perspectiva de Nietzsche quanto ao valor da vida, visto do ponto de vista ético metafísico, Nietzsche comenta o fragmento de Anaximandro de Mileto não apenas considerando a física como fez vários comentadores, mas ele percebe a questão ética metafísica do texto, Nietzsche analisa o fragmento  escrito por volta de 610 a 547 a.c que diz: “De onde as coisas têm seu nascimento, ali também devem ir ao fundo, segundo a necessidade; pois têm de pagar penitência e de ser julgado por suas injustiças, conforme a ordem do tempo” (p.23). Nietzsche questiona-se, como vou te interpretar? E continua, essa frase não explica nada é uma sentença que exige um pensamento, como se ele estive na frente de um templo grego e pergunta-se como te interpretarei? A escrita de Anaximandro não é uma escrita para esclarecer, mas para assinalar, mostrar, quem tiver olhos que veja , a frase de Anaximandro, diz eu te desafio a chegar ao meu sentido, Nietzsche assume esse desafio, querendo dialogar com esse pensador, como se este fossem contemporâneo.
            O texto de Anaximandro foi classificado como poético, mas foi escrito  em prosa, e Nietzsche usa como pano de fundo o pensamento de Schopenhauer:  
           ”O verdadeiro critério para o julgamento de cada homem é ser ele propriamente um ser que absolutamente não deveria existir, mas se penitência de sua existência pelo sofrimento multiforme e pele morte? Penitenciando-nos de nosso nascimento, em primeiro lugar, pelo viver e, em segundo lugar, pelo morrer”.(p.23) 
            Nietzsche corretamente nos chama atenção para o enunciado enigmático de Anaximandro, mesmo sendo escrito há quase 2000 mil anos, e compara a sentença de Anaximandro a frase de Schopenhauer,  mesmo sendo de um pensador contemporâneo segundo ele a vida por si mesmo não tem sentido, Nietzsche faz suas analogias, à doutrina do sofrimento do mundo usando a citação de Schopenhauer em contraponto a sentença de Anaximandro. É esse pensamento trágico que está expresso na sentença de Schopenhauer, essa doutrina que cada ser humano nasceu sem razão, e essa não razão é uma espécie de condição trágica, é pago com o existir com o sofrimento, e com a morte, conclui que o sentido da frase de Schopenhauer vai de encontro ao pensamento de Anaximandro, desde que estendido ao universo  “tudo é culpado por ter nascido por ter saído da unidade originaria, e tudo vai pagar por essa culpa sofrendo e morrendo”, Nietzsche percebeu as considerações morais de nosso cotidiano, que de alguma maneira dão uma sustentação intuitiva que a vida por si mesma não tem sentido, e nesse sentido  diz que Anaximandro estendeu, não só a vida humana mas a todo o universo, que tudo que vemos e percebemos não deveria existir, apenas esta em meio aos conflitos para logo perecer.
            O afastamento da unidade original, o pecado original é a queda da unidade originária, pensamento atribuído a Anaximandro toda coisa que pode ser individuada, veio a ser e vai sucumbir, ausência completa de individualidade, pensamento comum também em Schopenhauer, Nietzsche sugere que Anaximandro voltou de alguma maneira ao absoluto, em um estado de total contemplação, voltar ao estado de não nascido. Onde o principio é tudo que não é, sendo o pensamento essencial de Anaximandro, o fato de ele Anaximandro ter pensado esse principio “vagamente visível” e não cognoscível e de modo absoluto
            Nietzsche diz que todos os comentadores contemporâneos do mundo equivocaram-se, “se Anaximandro pensou sua proto-matéria como mistura de todas as coisas” (p.24), e até ironiza a busca do filosofo pela verdade, critica a interpretação dos filósofos e diz:
             Não se trata de uma questão ética no sentido comum do termo, mas uma questão ética metafísica, tanto em Schopenhauer como em Nietzsche esse ético metafísico será chamado de existencial, que não trata propriamente desse ou daquele código moral, dessa ou daquela doutrina, mas trata da condição ética fundamental que é aquilo que é próprio do existir da condição humana.
            Nietzsche diz que Anaximandro tocou no mais profundo dos problemas éticos, não podemos entender tudo como sendo a natureza física. Porém algo de cunho ético fundamental: “porque perece algo que tem direito de nascer” (p.24)
            A pergunta Ético fundamental foi enfrentada por Anaximandro, quando fala de justiça castigo ele não usa uma metáfora, mas esta considerando as coisas do ponto de vista ético, “não de maneira puramente físico” (p.24)
            O sentido que Nietzsche, quer colocar para a sentença de Anaximandro, que  ultrapassa uma explicação física do mundo, no texto que lemos de Confort fica claro que ele não leva em consideração nada do ponto de vista ético, explicou as causas fisicamente pois era um fisiólogo, mas para Nietzsche vai muito mais além do físico, a questão ética fundamental estendida do ser humano a toda a natureza, e é aqui que a explicação de Nietzsche difere de outros comentadores.
             ”Anaximandro refugiou-se em um abrigo metafísico, do qual se debruça agora, deixa o olhar rolar ao longe, para enfim, depois de um silencio meditativo, dirigir a todos os seres a pergunta: “O que vale vosso existir?”  
            E assim conclui Nietzsche que quanto mais procura uma explicação essa explicação só era dada de maneira mística e quando mais se procura mais escuro ficava : “ Quanto mais se procurava aproximar-se do problema – como, em geral, pode nascer, por declínio, do indeterminado o determinado, do eterno o temporal, do justo a injustiça – maior se tornava a noite.” (p.25)



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