Biotipologia Humana sua aplicação na pratica diria do médico generalis
(Dr João Carlos Mesquitela)
A primeira vez em 1922, foi o termo Biotipologia empregado pelo italiano Nicole Pende, para designar a ciência que teria por objeto o estudo das manifestações vitais de ordem anatômica, humoral, funcional, psicológica, da síntese das quais resulta o conhecimento de tipo estrutural, dinâmico, especial de cada indivíduo, isto é, do conjunto de carateres particulares que diferenciam os indivíduos e os afasta do tipo humano abstrato, genérico e convencional do homem espécie, descrito pelos Anatomistas, Fisiologistas, Psicólogos e Estatísticos.
A Biotipologia, ousadamente, pretende estudar, não a abstração e mero universal, que é o ser Humano, mas sim a realidade concreta do indivíduo, certa de ser a vareabilidade individual enorme e de que, só de seu estudo, resultará a possibilidade de desfazer muitos conceitos errados da Biotipologia Humana, abrindo-se-lhe mais amplas perspectivas com este tipo de biologia universal e comparativa.
Com critério totalitário,estuda o indivíduo nos aspectos morfológico-estático externa e internamente, fisiológico-dinâmico-humoral-caracteriológico-afetivo e volitivo e ainda o intelecto, utilizando para isso, todos os modernos meios de que dispõe a propedêutica das diferentes ciências do Homem.
Com critérios correlacionísticos não esquece a interdependência das diversas partes em que por necessidade de metodologia se fraciona o Homem.
Com critério unitário, integra e não separa, considera o parcial, não para no fim somar, mas considera as diferentes partes solidárias no todo, de forma que esse todo é mais do que uma simples adição, é algo de novo, resultado de complexa interdependência.
Com critério sintético, finalmente, pretende definir esse conjunto de aspetos que caracteriza o indivíduo e estabelece as diferenças entre eles.
Assim... determina-se o Biótipo.
Biótipo, é a definição sintética das qualidades, características e diferenciais dos indivíduos tomadas em sua unidade e unicidade somato-psíquica, incapaz de se cindir sob pena de desaparecer a própria realidade humana.
Harmoniza-se com a mais recente orientação dos estudos psicológicos, em oposição à doutrina até agora em foco, como, por exemplo, o dualismo cartesiano com a autonomia e o paralelismo psicofísico, as diferentes modalidades do materialismo de Demócrito e Epicuro, a Vogt e Taine, que fascinou os homens do século XIX, mas que alguns, como Caudio Bernard já reputava de errôneo, ou ainda o espiritualismo psicológico, aceitando como fato, a complexa integração da vida física e psíquica, mais que o influxo recíproco, perfeita fusão formando o todo natural Aristotélico na união verdadeira e substancial animista dos Escolásticos.
O indivíduo não é mais visto através do estudo parcelar, produto de abstração necessária para profícuo trabalho analítico, como o fazem as diferentes ciências que estudam o Homem, mas sim, visto e observado no todo.
Estes levam ao conhecimento em fragmentos que é necessário fundir e inter-relacionar, dar-lhe a unidade necessária, mas sem contudo esquecer que partimos de abstrações, aliás, indispensáveis.
Tal maneira moderna de ver os fenômenos da Biologia com critério totalitário, correlacionalístico e unitário, está tomando um incremento notável, direi mesmo generalizando-se, e fato é o livro do admirável Aléxis Carrel “ o Homem, esse desconhecido”, que deixa transparecer bem a realidade, valor e alcance desta orientação, que já não se limita ao âmbito dos homens da ciência, antes pelo contrário, se generalizou junto aos estudantes de medicina e direito, e particularmente ao publico em geral, a tal ponto que se pode ler no preâmbulo de um livro do escritor Steffan Eweitt: “Depois de ter decomposto o corpo humano, e estudado as suas células e suas moléculas, na ânsia criadora do saber volta enfim a sua curiosidade para a totalidade do indivíduo considerado como tal e procura as causas locais da doença, Outra causas superiores”
Novas ciências esforçam-se para colocar no primeiro plano, o que há de pessoal, de único, de particular em cada indivíduo.
Entre estas novas ciências, encabeçando, a Biotipologia, preocupada, não com a lei que abrange o Universal, mas com a deformação que esta sofre em cada caso, preocupada com o particular, o acidental, enfim, com a ciência em que se transformou o próprio indivíduo.
Mas, como é possível tal ciência?... Não é a negação do velho princípio escolástico: Non dactur ecientia de indivíduo.
Houve até, que já desse à Biotipologia a designação da Ciência das Ciências, o que se compreende porque ela é antes de mais, uma ciência de âmbito superior pelo seu objeto:
O Homem em todo o seu Conjunto!.
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