A dimenção ética de Piaget
(MENEZES; L. F.)
A dimensão ética na obra de Piaget
Piaget apresenta por meio de sua teoria como acontece nas crianças o desenvolvimento ético e moral. O estudioso observou que em crianças de cinco anos em diante a noção de ética é baseada em um modelo formal em que as leis e as normas já se encontram prontas e, portanto, transgredi-las serias um erro grave. Após essa fase, por volta dos dez anos em diante, a criança adquire mais autonomia e, por meio do relacionamento com outras crianças, passa a formular novas regras e novas leis de convivência. Assim, observando essas duas fases discutidas por Piaget, nota-se que o individuo passa de um período egocêntrico e ingênuo para um período mais autônomo em que se adquire mais racionalidade e poder de decisão.
Com relação à construção do juízo moral nas crianças, Piaget se opõe a teoria da coercividade em que o indivíduo, por meio de suas experiências, vai internalizando os conhecimentos e os saberes e, conseqüentemente, formando sua consciência ética e moral. Piaget vê a relação de coerção como uma relação já construída e, portanto, a consciência já se submete completamente a ela. Embora Piaget ignore a teoria da coerção, ele admite que ela faça parte dos primeiros passos da formação moral da criança.
A teoria utilizada por Piaget para a construção do juízo moral é a cooperação. Nela o indivíduo experimenta as relações sociais e aprende como se comportar diante de tais relações, nutrindo, por exemplo, o respeito em relação ao outro. Nesse sentido, é ressaltada a relação das crianças com os adultos que formam laços mais duradouros. Já o relacionamento com outras crianças da mesma idade pode se tornar um porco mais complexo, pois elas precisam conquistar o grupo e a camaradagem dos componentes. Uma vez que não consiga isso, seria desastroso para a convivência dela. E é por esse motivo que Piaget admite ser de grande importância a teoria da cooperação para a construção das relações entre as crianças. Sintetizando, Piaget vê o processo de cooperação como um processo superior ao de coerção.
Se for por meio da interação que o individuo constrói a consciência moral, então ele recebe a influência do meio social. Segundo Piaget, há duas formas de influência que o indivíduo sofre do meio social: a herança cultural, correspondente a todo aparato cultural existente no seio da sociedade; a outra é o leque de oportunidades. Considerando que nem todos que nascem em uma determinada sociedade têm acesso às riquezas existentes nela, pois os recursos são muito mal divididos. Assim, estará disponível ao individuo um leque de oportunidades e, portanto, a criança adquirirá, por exemplo, mais ou menos conhecimentos dependendo desses fatores.
A ética é o conjunto de normas e regras que regulamentam a convivência social, sendo, portanto, um fator importantíssimo na formação da consciência humana. Segundo Piaget, a criança passa pela fase da coerção e da cooperação para a formação das funções mentais superiores. Assim, o indivíduo não pode se ater somente à primeira, pois implica no egocentrismo, um período de fechamento em si mesmo em que as regras conhecidas por ele são formais e já prontas. Dessa forma, fechada em si mesma, a criança não tem a capacidade de interagir e nem de buscar a racionalidade, por isso, a consciência ética e moral dela estará completamente comprometida e ela ficará propensa a transgredir as regras sociais. Assim, só haverá o desenvolvimento quando ela entrar na fase da cooperação, se descentralizando e passando a interagir com outras crianças e a agir mais racionalmente. Junto a esses fatores do desenvolvimento das estruturas mentais das crianças estão ainda dois fatores de influência social: a herança cultural em contraste com o leque de oportunidades. Assim se a criança teve pouco acesso às riquezas e ao conhecimento, da mesma maneira a formação ética e moral do individuo estará comprometida.
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