Capa de: A cidade que matou a estrela
(Luiz Mozzambani Neto)
Para entender a capa de A CIDADE QUE MATOU A ESTRELA, 2ª Edição, é preciso recorrer a Nietzsche, o filósofo preferido do saudoso Gilbertão (fonte inspiradora da obra de Luiz Mozzambani Neto), mais especificamente ao livro ASSIM FALAVA ZARASTUTRA, onde uma passagem conta a história de um pastor (na verdade o próprio Zaras) que acorda com uma serpente negra na boca. Essa serpente, no livro, representa a própria cultura negadora da vida que vem nos dominando desde o infeliz momento em que Platão e Sócrates escravizaram o homem com a desastrosa e ardilosa imposição da RAZÃO como modo de vida ideal, o que acabou cortando o homem ao meio, entre razão e coração, e condenando-o a uma vida sem sentido, ao desespero existencial. Como, na opinião do autor, em nossos dias, a serpente negra pode muito bem ser representada pela gravata (um dos maiores símbolos burgueses, só perdendo para o dollar) achou-se interessante misturar a serpente com a indumentária europeia através de um efeito gráfico que praticamente define o conteúdo da obra. Ocorre que, feliz acaso do destino, o autor tinha em seu poder uma gravata do próprio inspirador da obra "Gilbertão" (presente de um amigo em comum) e é justamente a gravata do finado que se vê na capa mesclada à serpente negra (cultura burguesa) que envenena a cidade que matou a estrela, na capa representada por um grafismo logo acima da serpente. Vale ressaltar que Gilberto Morgado, o Gilbertão, ex-prefeito de Monte Alto, petista histórico, cinéfilo apaixonado, professor de História, poeta, escritor, filósofo, entre outros talentos, morto ao cair de um prédio em 9 de junho de 2006, na cidade de São Paulo, em circunstâncias para lá de estranahs, é o inspirador da obra, mas o livro não constitui uma biografia do mesmo. De fato, a obra é mais uma leitura livre de alguns companheiros deste, sintetizados na figura de um narrador, espécie de alter ego do autor, sobre os acontecimentos que cercaram a vida e, especialmente a morte, desse grande político interiorano que teve sua carreira interrompida pelos interesses econômicos e políticos de uma pequena cidade do interior paulista que bem poderia ser a sua, em qualquer lugar do mundo burguês. Buscou-se deixar, bem claro na capa, a universalidade da obra, quando, em vez de usar elementos mais diretamente relacionados com a vida e obra do saudoso Gilbertão, preferiu-se usar uma metáfora filosófica e universalizante. A ideia é representar na capa a intenção principal do livro que é denunciar todo um esquema de dominação social que, sendo universal, é bem maior que qualquer panelinha política municipal, pois " A Cidade que matou a Estrela" não foi escrito só para os que votaram, ou não, em Gilbertão, mas para todos os que ainda acreditam na democracia. Simbolicamente, a obra nos diz que a sociedade moderna está sendo morta por essa grande serpente negra (cultura bruguesa) que nos leva a negar a vida no dia a dia de nossa morte cotidiana. Disfarçada de acessório de moda (e ingenuamente enrolada em nossos pescoços) essa serpente nos sufoca e nos envenena, com a obrigação de sermos sujeitos, a exemplo da serpente negra em relação ao pastor em Assim falava Zarastruta, de Nietzsche. É disso que trata o livro; é isso que tenta mostrar a capa! A capa deixa claro que o livro trata de um fenômeno universal; não diz respeito apenas à cidade de Ibitirama, que serve de cenário para o universo ficcional do livro, tampouco só a você que lê este artigo. Do universal ao local, a capa faz ainda uma ponte entre o que aconteceu em Monte Alto, na vida real, e em Ibitirama, na ficção, ao usar a gravata do próprio falecido como parte do efeito gráfico. A gravata do Gilbertão é o toque de realismo com o qual a capa nos lembra que o livro fala de um fato acontecido. Mais que isso; fato que acontece no dia a dia de nossa política hipócrita e corrupta que nada mais faz do que representar (e diga-se de passagem: muito bem) a própria sociedade que a elege. Para terminar, temos a cor vermelha e uma fonte que lembra a usada na estrela do PT, partido pelo qual Gilbertão lutou até o fim de sua vida... MAs aí trata-se de um toque subjetivo, diria até uma homenagem ao saudoso homem público, pois o livro, longe de ser político-partidário, é político-universal, como a própria capa deixa bem claro.
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