Resumo de http://fragmentostexto.blogspot.com/2008_10_01

Quereis sem freio ou visão estreita/ Provar de tudo sem medida." in, Fausto, de Goethe, 1ª parte, 1808 Fausto é o intelectual desiludido com o saber. Conduzido pela vontade de alcançar a sabedoria eterna, assina um contrato com o demónio Metistófeles. É uma "metáfora" incrível, uma "ironia" surpreendente e uma "fábula" que retrata a mais antiga cena bíblica: a luta entre o bem e o mal. Oscar Wild, relembro, através de Dorian Gray, revelou o "ponto máximo" da consciência humana. O capricho e a hipocrisia que levaram Dorian a vender a sua alma, para que dessa forma, alcançasse a juventude eterna. Neste caso, Fausto, não busca a juventude nem a beleza, busca antes a sabedoria, melhor: "o império espiritual". Estando Fausto no parque, com o seu discípulo Wagner, vê surgir um enorme cão negro. Wagner não viu nada de mais na estranha criatura, mas Fausto parecia ver algo mais. Sente um arrepio atravessar-lhe a espinha. De volta a casa, deixa-se cair sobre a poltrona para descansar e ler uma passagem do Novo Testamento de S. João Baptista, traduzido do Latim para o Alemão por Martinho Lutero. Numa das frases, S. João diz: "No principio era o verbo", Fausto discorda: "No principio era a acção!" O cão negro estava diante dele, e todo o seu ser emanava uma estranheza sobrenatural. E então não? De repente o enorme cão transforma-se, espantando o sábio . Diante dele está Metistófeles, demônio que cujo o nome, derivado do hebraico, significa: "Aquele que afasta a luz". O demônio trajava-se como um goliardo, estranhas vestimentas medievais. Mas Metistófeles não tem aparência do ser tenebroso que a Igreja medieval criou. O ser que ressalta a enxofre, com cauda e cascos de bode, vermelho dos infernos inalando fogo e fumo, espalhando a descrença. Goethe tem os ideais Iluministas, é um homem do Romantismo alemão, portanto o seu demónio tem a aparência de um humano, não passaria despercebido na multidão. Ele sempre ouvira as queixas de Fausto, o seu desespero, o seu doentio niilismo e a sua descrença na religião. E tinha-o Deus em tão boa conta! Para apagar essa dor intelectual, o demónio oferece ao doutor um pacto de Sangue. Fausto aceita. Toda a acção se desenrola com Fausto agindo com a ajuda e companhia de Metistófeles. O contrato tinha um prazo, Fausto sabia, e enquanto esse pacto se mantivesse o demónio seria criado do médico, em vida. Assim que findasse o prazo, Fausto iria com o demónio para os Infernos onde seria seu servo para toda a eternidade. Nestas condições Fausto alcança a fama, a prosperidade humana, o amor de Margarida, mata o irmão desta num duelo graças aos poderes satânicos. Margarida acabará por ter um filho de Fausto, mata-o por ter sido concebido em pecado e a seguir fecha-se num convento. Os poderes demoníacos não teriam mais poder, o trato findara, e a cena termina com Metistófeles a pegar em Fausto dizendo: "Tu, vens comigo!", desaparecem numa névoa de fumo. E caí o pano. Fausto representa o intelectual desiludido, um idealista descontente e um homem com noção da sua mortal condição humana. Tal como Ícaro, Fausto tentou voar nas suas asas de cera alcançando os céus, até que as asas derreteram e o mar se tornou sepultura. A semelhança entre o Homem alcançar a sabedoria máxima, ou conquistar os céus, idealiza as revoltas deste contra as regras do universo. É o homem moderno que acredita no progresso, na liberdade e na inovação, ao mesmo tempo que se torna desonesto, capaz de vender a sua alma ao diabo. E digam lá: Quantos Faustos é que não existem por este mundo fora? Mefistófoles: Agora toca a ver se desfazemoso encalhe da soleira. Quem nos deradente de rato aqui!... Pedi-lo e tê-lo, tudo foi um; já lhe oiço a roedura; não tarda uma unha negra. Esconjuremo-lo! «O Senhor dos ratos, murganhos e moscas, «das rãs, percevejos e mais sevandijas, «ordena que roas as figuras toscas, «que ele unta de azeite nestas pedras rijas.

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