Genealogias da Ética
(Leonardo Boff)
Ética e Moral, em busca de fundamentos, de Leonardo Boff
Capítulo 2: Genealogias da Ética
Uma das crises humanas é a de valores devido às imensas mudanças rapidíssimas do ultimo século. As fontes da ética são: religião e razão. Através da religião seria possível disseminar uma ética global. A razão crítica, desde o nascimento da filosofia na Grécia Antiga, busca uma fundamentação da ética, até nossos dias. Porém a real força motriz do comportamento e pensamento é a emoção, o afeto, a paixão. Porém razão e emoção precisam conviver harmonicamente, a mesma relação se dá entre a ternura e o vigor. Ethos e Daimon: Daimon (do grego: espírito) seria a voz interior da consciência de cada um de nós e Ethos também vem do grego e quer dizer casa, juntamente com costumes, crenças e etc. Separamo-nos do daimon com o tempo, teorizando tudo; precisamos entrar em contato com o daimon. Ética e moral: moral seria a contrapartida romana de ética e estaria mais relacionada à vida prática e ética seria uma disciplina filosófica; no sentido grego mais estrito significaria costumes, hábitos, modos de ser de um determinado lugar. A família é formadora da ética e da moral.
O ethos que procura: a ética seguiu o sentido da razão e se dessacralizou, assumindo certas características:
1- se concentrou na parte e esqueceu o todo;
2- realidade fragmentada gerou uma ética fragmentada;
3- separou o que sempre vem junto: deus e mundo, razão e emoção, etc;
4- saber a serviço do poder, poder usado como dominação, ética usada para o controle;
5- o ethos que procura não conseguiu consensos entre as grandes maiorias;
6- fechada no âmbito da razão, a ética perdeu a transcendência, se transformando em moralismo;
7- a ética perdeu o pathos (paixão) e não leva em conta a alteridade.
Precisamos de um ethos não apenas que procure, mas que ame e cuide.
O ethos que ama: o amor se faz presente no outro de maneira incondicional, um ethos que ama é o mais inclusivo possível, ele seria capaz de dar sentido à existência.
O ethos que cuida: quando amamos, cuidamos. O cuidado serve de prevenção e regeneração. Segundo o mito grego do cuidado e Heidegger, o cuidado é o a priori ontológico do ser humano.
O ethos que se responsabiliza: é necessária uma ética da responsabilidade, da consciência das conseqüências dos próprios atos.
O ethos que se solidariza: a solidariedade está na raiz dos atos humanos, promoveu nossa evolução, é preciso que nos solidarizemos com todos os seres e nossos irmãos.
O ethos que se compadece: compaixão não deve ser entendida como “dó” e sim sentir com o outro, exige liberdade, altruísmo e amor; esta deve ser nossa atitude ética em relação à tudo.
O ethos que integra: a ética é prática e não só teoria, exemplo de uma realização ética de vida é São Francisco de Assis, em sua vida podem ser encontradas todas as dimensões do ethos aqui propostas e enumeradas.
A ética tem de ser mística, uma experiência abissal do ser.
Capítulo 3: Virtudes cardeais de uma ética planetária
O capitalismo é configurado por uma exacerbação do individualismo e uma liberdade possuída apenas pelas forças de mercado e não pelo cidadão, que deve perder enquanto o mercado ganha. O empobrecimento é resultado das lógicas excludentes. Todos os seres possuem subjetividade. As únicas medidas que poderiam salvar nosso planeta, além da reformulação ética já proposta, seriam a autolimitação e a justa medida, duas atitudes que refletem uma ação consciente em relação ao mundo. O efeito da tomada efetiva destas atitudes seria a cultura como hominização e humanização da natureza.
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