Casas de Futuro
(J.M.D/I.J. SUPER INTERESSANTE N nº 135)
CASAS DE FUTURO
Cada vez mais, parece ser consensual, a necessidade de alterar comportamentos, no sentido de se caminhar para a produção de energia, nas nossas próprias casas.
Por muita legislação que seja promulgada, se não houver uma verdadeira evolução das mentalidades, poucos progressos serão alcançados e ficaremos a anos de distância de países como os do norte da Europa, em que já é comum a maior parte das casas, utilizarem a geotermia solar.
Está provado, ser um sistema limpo, sem produção do tão nefasto CO2.
Aproveita a energia solar, retida no solo, à profundidade de 5 metros, através de um circuito de água e bombas.
Em Portugal, a região com mais potencialidades nesta área, são os Açores, onde parece existirem alguns projectos em estudo e onde a oferta excede a procura.
Um dos grandes entraves na actualidade, a par dos elevados custos, são a falta de conhecimento e informação nesta área, a procura ainda incipiente e naturalmente a
falta de investimentos.
Mais utilizada, tem sido a energia solar, com instalação de painéis solares móveis, nos telhados das casas o que permite que as casas se abasteçam de energia, autonomamente.
São casas sustentáveis, como refere Josep Adell, da Universidade Politécnica de Madrid.
Ainda em Espanha, esta energia é mais procurada nas zonas mais isoladas, no sentido da auto-suficiência energética.
É aqui, onde melhor se aplica o conceito de Eco- House, em que aliado aos painéis solares nos telhados, se aproveita a água das chuvas e se aquece também o chão das casas.
A Associação SEBA, com sede em Gerona, Espanha, com cerca de 500 associados, presta apoio na manutenção e formação dos utilizadores desta energia nas suas casas.
A arquitecta alemã, Petra Zirkel, a residir a alguns anos em Huesca, Espanha, aplica estes conceitos na sua casa /estúdio, situados no campo.
Produz a sua energia, vendendo o excesso; recolhe a água das chuvas, que armazena e purifica; a sanita funciona a seco e reutiliza a água dos chuveiros e máquinas, em circuito fechado.
Reduz ao máximo os consumos energéticos e a maior evidência, verifica -se ao fim de cada mês, na factura de consumo que é expressa em zeros.
Aliada à economia energética, a sua casa é bioclimatizada, tendo sido escolhidos materiais da região, com um mínimo de consumo de energia na sua construção e no respeito pelo clima da mesma região.
Petra, pertence à Associação – Passivhaus – Casas Passivas, em que gastam menos de dez quilowatts/hora/m2, ao contrário dos mais de 100, num casa normal, chegando a verificar-se uma poupança entre os 50 e os 60%, evitando ao máximo o desperdício. Nos USA, as – earthships, casas solares passivas, construídas com materiais recicláveis são cada vez mais uma realidade, aliada à produção de energia e a sistemas integrados de água.
A União Europeia, tem-se preocupado muito com o problema, da redução do CO2, incentivando o uso das energias renováveis, nas próprias casas, tendo emitido para o efeito um Certificado de Eficiência Energética, em vigor também em Portugal desde Janeiro deste ano.
Esse Certificado, vem permitir que em qualquer transacção de imóveis, sejam conhecidas informações relativamente ao consumo de energia, à boa ou má iluminação natural, à produção ou não da sua própria energia, entre outros parâmetros
Às casas abrangidas na categoria A ou A+, o Estado concede beneficios fiscais em sede de IRS, bem como dedução de 30%, ao investir em energias renováveis.
Em zonas, onde o vento marca presença, o recurso à energia eólica é uma mais - valia, ainda que algo ruidosa e a necessitar de bastante área de implantação para as pás das ventoinhas.
Não é de esquecer a energia que, pode ser proporcionada pela construção de mini -barragens, aproveitando a força das águas de rios e ribeiros e ainda a força das ondas do mar, já em aplicação em países como a Holanda e Dinamarca.
O conceito FabLab em que “qualquer pessoa possa fabricar qualquer coisa em qualquer parte do mundo, inclusive casas”, é cada vez menos uma utopia.
Temos de caminhar no sentido da autonomia energética e de produção de alimentos, o que nos levará a uma sociedade tecno – agrícola, em que qualquer um, pode produzir os seus bens, a sua energia e os seus alimentos.
Vivemos uma época de globalização, em que a Internet nos permite ser fornecedores e consumidores de informação, o que acabará por se verificar em relação à energia e aos alimentos. Poderemos todos, ser fornecedores e consumidores dos mais diversos produtos.
No entanto, a nível, da redução de CO2, não basta investir somente nas construções.
Será necessário, a exemplo do que se passa em Friburgo, na Alemanha, proibir a circulação de automóveis, no centro das localidades, promovendo o incentivo à produção de automóveis eléctricos e à procura de soluções em que carro e casa, produzam, armazenem e se abasteçam do mesmo tipo de energia.
Este seria, sim, um intercâmbio energético de consumo e emissões zero, com benefícios a nível global.
Mesmo que, com pouca viabilidade no presente, espera-se que, reverta em vantagens para as gerações futuras, nomeadamente no usufruto de um mundo, menos poluído, mais verde e respirável.
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