BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


O Lutador
()

Publicidade
OS LUTADORES
 
    Algo maravilhoso que se obtém ao assistir filmes é a mágica de emocionar-se com as imagens  na tela.  Ao assistir o filme “O Lutador”, baseado na vida real de um famoso lutador de luta livre que teve um fim decadente consegui ver um pouco de todos nós no personagem.  Percebi como são poucos os diretores que conseguem despertar essa emoção. Além da ótima atuação de Mickey Rourke o filme consegue passar como o que importa está por de trás das aparências. 
    O personagem Randy é um anti-herói, um homem frágil e derrotado pela vida.  Uma vida com vitórias e derrotas que o devasta assim como os golpes que leva.  As imagens mostram como o personagem só é um vencedor dentro do rinque, fora ele é um homem que tem um sub emprego e batalha para ter o afeto das pessoas.  Acredito que na realidade nossas cidades estão cheias de anti-heróis, igual ao filme.  Muitos de nós lutamos para parecer forte, encenamos nossos passos e sempre estamos preocupados em vencer.  Colocamos nosso foco unicamente nisso e deixamos de perceber é que fora da esfera do mundo social, quando se tira o status e as futilidades, que está nossos defeitos e inseguranças.  A real luta é superar esses aspectos negativos para que possamos encarar nossos oponentes de verdade e não fazer um show de falsas pretensões.
    O verdadeiro herói urbano ou moderno pra mim é o individuo que é capaz de superar os problemas, sejam quais sejam e ser feliz.  Cada vez mais vejo pessoas encenando serem felizes e fingindo que não se magoam.  Elas estão sempre sorrindo em jantares, dizendo que está tudo ótimo e não tem aborrecimentos.  Não que tenha algum problema em fazer isso, caso contrário, a presença delas seria insuportável ao demonstrar o que realmente sentem.  Assim como o lutador no filme, nós fingimos estar levando porrada numa boa, se divertindo com a situação, mas por dentro estamos sendo lesados. 
    O que lesa profundamente é a vida com seus golpes e surpresas, ora injustos ou cruéis.  Porém nos forçamos tanto a demonstrar que estamos encarando ela para os outros que estão ao nosso redor que esquecemos de limpar nossas feridas.  Ficamos mais preocupados em ser o que os outros querem, a amiga leal, a namorada perfeita ou a profissional competente e deixamos de lado nossa batalha pessoal.  Aquele que envolve olhar dentro de si e ver o que precisa mudar para viver melhor consigo e com os outros também.  Tarefa complicada e íntima, desconectada das aparências e valores fúteis que estão por ai. 
    Esse auto-conhecimento inevitavelmente traz à tona erros que cometemos e o filme em alguns momentos mostra como é quase impossível excluí-los e nos livrar da culpa e remorso.
    Uma das cenas mais interessantes é quando Randy senta e começa a curar suas feridas, ele sofre só que age com naturalidade e tem orgulho de mostrar suas cicatrizes.  Todas têm uma história e uma emoção envolvida.  Deixadas como resquícios de lutas elas se parecem com tatuagens, mostram a vida escrita em sua pele e transmitem sua garra em lutas na qual ele teve coragem de enfrentar e prazer em participar.
    O que esta nas entrelinhas, no entanto, é que o lutador sofreu mais tentando consertar coisas que fez errado fora do rinque do que se recuperar das lesões dentro dele.  Ele sofre com a sua inabilidade de lidar com as pessoas que ama e precisar encarar a solidão de não tê-las quando mais precisa.  O personagem é derrubado pela constante falta de afeto e compreensão. 
    Hoje em dia vejo pessoas tão preocupadas em camuflar seus defeitos perante sua platéia que até se esquecem de dar atenção a eles, deixando feridas sempre abertas.  Abertas para entrar o desentendimento, depressão e raiva.  Não tomamos tempo de se preocupar com coisas que realmente interessam e sim em continuar representando.
    O que motiva Randy a continuar sendo espancado é justamente o prazer de encenar a luta, de fazer parte de um show e levar a povo ao delírio.  Isso era sua verdadeira fonte de vida, ele sobrevive a tudo só para ter mais uma noite de luta.  Na sociedade em que vivemos me indago qual seria nossa fonte de vida, aquela que a mídia ou outros nos impõe ou a realização de um desejo só seu. A resposta é óbvia, os heróis em sua clássica concepção são justamente aqueles que conseguiram tudo que outros invejam e os anti-heróis são aqueles que vivem a margem da sociedade.  Eles vivem querendo aproveitar a vida ao máximo e não tem medo de se expor.
    Concepção um pouco errônea, pois para mim o verdadeiro herói é aquele que vive como um anti-herói, porém morre como lutador.  Enfrenta o golpe da morte com a maturidade de quem soube lidar com os conflitos da alma e conseguiu domar a arte dos relacionamentos. 
    Os lutadores são aqueles que não tem vergonha de mostrar suas lesões, aprende com elas, evolui e encena só quando necessário.   Este não foi o fim de nosso personagem, sua fragilidade interna não o deixou evoluir já que ele desistiu de enfrentar seu maior oponente, a vida fora dos rinques. 
    Essa não era párea para suas montanha de músculos que impotentes não conseguiram freia-la.  A única coisa impossível de impedir nosso lutador foi seu ímpeto de viver intensamente mesmo que isso cause enormes estragos, coisa de causar inveja em qualquer um.



Resumos Relacionados


- O Vencedor (the Fighter)

- Wikipedia

- Jogo De Luta Tekken 6 - Para Ps3 , Xbox E Psp

- Filme: Lutador De Rua (blood And Bone)

- Pesagens Oficial Ufc



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia