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Chalaça
(José Roberto Torero)

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Chalaça = zombeteiro, gracejo, caçoada.Narrado em 1ª pessoa
Esta
obra constitui-se do caderno de anotações de Francisco Gomes da Silva,
conselheiro do Império, que, durante um bom tempo, foi um dos mais
importantes auxiliares e o mais próximo de Dom Pedro I.
Houve
quem o chamasse de alcoviteiro e safardana, mais tais acusações não
passam de calúnias. Se o chalaça - este era seu apelido - conseguiu
ascender de simples serviçal a um dos mais influentes homens do Império
brasileiro, isto aconteceu principalmente graças à sua privilegiada
inteligência. Além de habilidoso conselheiro, este companheiro de D.
Pedro I foi também um brilhante filósofo, conforme demonstram algumas
de suas teorias que aqui estão. Como pôr exemplo aquela na qual ele
estabelece a profunda relação entre o fluxo sangüíneo e o funcionamento
do cérebro no momento da cópula, o que explica tantas e tantas atitudes
masculinas.
O
personagem esteve em todos os grandes acontecimentos da jovem nação
brasileira: gritou, junto com o imperador, às margens do Ipiranga,
escreveu a primeira Constituição e dissolveu com bravura a primeira
Assembléia Constituinte.
O
chalaça foi, enfim, um exemplo acabado de homem e estadista, e
constituiu-se num modelo muito imitado pelos brasileiros, desde aqueles
tempos até os dias de hoje.
Mas
Francisco Gomes também sabia fazer rir. Não é à toa que seu apelido
significa gracejo, caçoada, zombaria. Seu humor fino e inteligente, seu
talento musical (tirava inspirados lundus de sua viola) e sua
habilidade ao intermediar os encontros de D. Pedro I com as filhas de
Eva fizeram com que ele fosse a companhia favorita do imperador
enquanto não admirava as flores pelo lado da raiz.
Pode ser que o Chalaça, em seu diário, falte com a verdade em alguns trechos, mas não o julguemos mal.
Se
há exageros e omissões em sua narrativa, é porque assim funciona a
memória, prolongando vitórias e dissimulando derrotas. Talvez por conta
disso ele seja acusado de imprecisão histórica. Chalaça, um píncaro por
excelência, teria escrito algumas das páginas mais elegantes e
divertidas de que se tem notícia sobre os termos do Primeiro Império.
Estávamos
lá eu, o Caldeira Brant, que recentemente recebera o título de Marquês
de Barbacena, o gentil-homem do paço João da Rocha Pinto e o criador de
cavalos João Carlota. Estes dois eram figuras assíduas nos saraus e eu
até já fizera com eles alguns negócios. O marquês eu conhecia de vista
e era uma das principais vozes do Império.
Até
então havíamos trocado apenas alguns comprimentos de cabeça. O fidalgo
usava coletes engomados ao exagero e ostentava medalhas muito lustradas
mesmo nas mais simples recepções.
Entramos
numa sala um tanto pequena em que havia apenas uma mesa redonda com
cinco cadeiras. Eu. como secretário particular de Sua Majestade,
obviamente, deveria ficar ã sua direita, mas o marquês se antecipou e
tomou a cadeira na qual eu costumava sentar-me.
"Este
era o seu lugar? Perdão, não tive intenção, queria sentar-me. Pensei
que os nobres sempre tivessem a preferência de se assentar à direita do
soberano." Ele já ia se levantando quando pus a mão em seu ombro. Não
podia deixar que ele se mostrasse tão superior aos olhos do Imperador.
"Por favor, Marquês, não queira se incomodar; o Imperador é canhoto mesmo."



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