Resumo de Mentes perigosas – O psicopata mora ao lado

Ao longo de 13 capítulos mais os anexos distribuídos em 218 páginas, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva desenha em letras as várias faces prontas e acabadas dos psicopatas. Em psicanálise define-se tal estrutura psíquica como perversa - entre as outras duas, neurótica e psicótica. Como a obra de Ana Beatriz pauta-se pela psiquiatria, o termo "perverso(a)", para designar um psicopata, raramente é usada.
A autora é consultora da Rede Globo e ajudou a construir Flora, personagem psicopata encarnada por Patrícia Pillar, em A Favorita, e, agora, auxilia nos detalhes da personalidade de Ivone, incorporada por Letícia Sabatella, em Caminho das Índias, ambas novelas das 21h. No mundo real, alerta Ana Beatriz, o psicopata pode morar ao lado.
Embora perfaçam apenas 3% da população mundial, e a maior incidência deste tipo de psicopatia se dê sobre o sexo masculino, os psicopatas pode morar mais perto do que imaginamos. Não é fácil reconhecê-lo e sua principal característica é a falta de consciência. Este conceito, de ordem moral e ética, portanto subjetivo, pode faltar devido a problemas relacionados à química cerebral e também ao ambiente.
A psiquiatra explica e ilustra (parte interna do cérebro) quais são os pontos de funcionamento afetados em um psicopata. E salienta que o ambiente em que as pessoas são criadas também responde muito pelo desenvolvimento deste tipo de personalidade psicopatológica ou anormal. Neste quesito, porém, a autora deixa a desejar, uma vez que não aborda em seu livro investigações sobre as famílias, em especial pai e mãe, responsáveis pela estruturação de tais personalidades.
A médica define tipos de psicopatas e nem todos são assassinos, como Flora, uma serial killer, ou Ivone, que promoveu a morte simbólica de Raul Cadore e tentou matar o motorista indiano Bopal. Para a escritora, a principal característica desses seres "não humanos" é a falta de consciência, o que equivale a dizer que falta-lhes consequência - conjunto de sentimentos como responsabilidade, limite, compaixão, empatia, culpa, medo etc.
Os dados mencionados no parágrafo acima não são citados no livro. Ana Beatriz dá exemplos da vida real, informando que assassinos diretos ou indiretos (mentores) podem ser psicopatas: Suzane von Richtofen e os irmãos Cravinhos, Champinha, Kelly Samara Carvalho dos Santos, Sílvia Calabrese Lima, Divina de Fátima Pereira e, finalmente, Guilherme de Pádua Thomaz e Paula Thomaz - assassinos de Daniella Perez, filha de Glória Perez, autora da atual novela das 21h.
Assim, apresentam-se sempre com máscaras, conforme a ocasião e a presa. Manipulam, travestem-se de frágeis e inofensivos para dar o bote, que pode ser o roubo, a espoliação total de bens materiais, ou o esvaziamento energético da vítima, que entra em depressão ou contrai outras doenças psíquicas ou orgânicas. Chama-se a isso, também, de vampirismo. As vítimas invariavelmente são as que já sofriam de baixa autoestima (antes de conhecer e conviver com o psicopata) ou as que se pautam por uma bondade que chega a ser destrutiva, pois acima de qualquer outro sentimento, inclusive o de autopreservação.
Por isso, recomenda a autora, é preciso atenção aos que nos cercam. Os psicopatas não são de todo irreconhecíveis como pessoas más. Uma observação sensível sobre os outros pode detectar mentiras, incoerências, gestos, ações e outras atitudes que destoam do discurso pretensioso de retidão e bondade. Tais falhas, aparentemente inocentes, podem revelar a mente doentia mascarada pelos mais diversos artifícios.

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