Feliz Ano Velho
(Marcelo Rubens Paiva)
Marcelo está de farra com os amigos numa cachoeira no meio do mato. Numa brincadeira inocente, sobe numa pedra e pula na água imitando a maneira que o célebre Tio Patinhas mergulha no seu oceano de moedas douradas. A profundidade ali é pequena, fazendo com que Marcelo bata a cabeça em uma pedra e ouça um zunido forte e agudo: BIIIN... Não sentiu dores de imediato, mas também não sentia nada do pescoço para baixo e não podia se mexer.
Assim começa o livro, original de 1982, reimpresso em 2006 pela editora ARX, o qual traz, na parte superior de sua capa, o nome do autor (Marcelo Rubens Paiva) e, abaixo deste, o seu título: Feliz Ano Velho. O resto da folha frontal é ocupado por duas roldanas fotografadas fora de foco, que fazem girar uma película - é um daqueles projetores antigos de filmes. A história se passa, principalmente, nos locais onde o narrador ficou internado, trabalhando sua recuperação, deitado nas camas dos hospitais, sem sentir os braços, pernas e o tronco, sendo banhado e alimentado pelos enfermeiros, urinando através de sonda. Tudo o que podia fazer era mesmo repassar na mente os filmes antigos que retratavam os momentos que vivera antes do acidente: festas, amores malucos, casos da família, loucuras com os amigos.
Apesar de usufruir vocabulário restrito (o que facilita a velocidade na leitura, principalmente para o público jovem), Feliz Ano Velho traz fortes questões para reflexão. As barbáries cometidas pela ditadura militar que controlava o Brasil na época são expostas com veracidade pelo autor, o qual sofreu na pele tais atos. Seu pai fora deputado e, conforme Marcelo relata no livro, foi seqüestrado pelos militares diante da família com filhos pequenos, os quais nunca mais o viram ou tiveram notícias confiáveis a seu respeito.
O que fica em cada um após devorar as letras contidas nas ótimas 276 páginas é bastante particular. Este livro pode servir tanto como lição de superação, quanto de empurrão para aprender a aproveitar melhor a liberdade que temos. Pode ensinar o valor de cultivar os verdadeiros amigos, tanto quanto consolar um coração partido.
Ler esta obra de Marcelo Rubens Paiva, hoje em dia, é como assistir a um filme velho, repleto de emoções contemporâneas.
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