Quando o papá voltar
(Toni Maguire)
Toni tinha um amor pela mãe inabalável, um amor que acreditava estar acima de tudo e todos.
Até ao dia em que Toni foi violada pelo pai com apenas 6 anos.
Ainda abalada e em transe recorreu ao seu porto seguro, a sua mãe. Convicta de que aí encontraria todo o apoio e defesa de que necessitava. Mas nesse momento teve o primeiro, e talvez o maior, desgosto de toda a sua vida. A mãe simplesmente nada fez para defender a filha nem impedir que esta fosse violada pelo próprio pai vezes sem conta.
“Se falares as pessoas não iram acreditar em ti. Serás criticada e apontada e acabarás posta de lado”.
Foi sob esta ameaça que Antoinette, assim se chamava em menina, suportou durante os 7 anos seguintes com as violações do pai, que chegavam 3 vezes por semana.
Esse pesadelo teve fim no dia em que engravidou do próprio pai. Tinha apenas 14 anos.
A gravidez veio obrigar a que a situação viesse a público. Antoinette fez um aborto, discreto mas que quase a matou, para evitar os falatórios, que era o maior receio da mãe.
Ruth, mãe de Antoinette, tinha pânico de ser alvo de falatório, na mente dela criou uma fantasia de que tinha uma família feliz, um marido vistoso e charmoso, e a casa com que sempre sonhou, e nada nem ninguém iria destruir essa felicidade, fosse o preço que fosse que tivesse de pagar por isso.
Joe, o pai de Antoinette foi condenado a 4 anos numa prisão em vez de um Hospital psiquiátrico conforme a defesa pretendia, após o testemunho de Antoinette, que revelou que o pai teria usado um plástico que parecia um balão, o que determinava que Joe esteve sempre são, nunca teve nenhum acto de violação por demência.
A identidade de Antoinette nunca saiu nos jornais que relatavam o caso, mas na aldeia onde viviam toda a gente sabia quem era o violador e quem era a vitima. Antoinette julgava ter finalmente encontrado alguma paz para continuar a sua vida mas ao contrário do que seria de esperar o pesadelo tinha tomado outra forma. As pessoas culpavam-na a ela, tal como o pai havia dito, foi expulsa da escola, as raparigas a idade dela, com quem se dava antes, deixaram de lhe falar e a mãe acabou por mudar para outra cidade após ter vendido a casa à pressa.
Durante o tempo em que o pai esteve preso, Antoinette e a mãe conseguiram fazer renascer a amizade e companheirismo que tinham quando o pai estava fora, em combate.
Compraram uma casa, transformaram-na num lar acolhedor, com um ambiente familiar que estava hà muito esquecido. A mãe de Antoinette arranjou trabalho num café e mais tarde Antoinette também foi para lá trabalhar. Ajudava a mãe nas despesas e juntava algum dinheiro para o seu futuro. O que ela não sabia era que esse futuro ia ser abalado no dia em que o pai saisse da prisão e a mãe aceitasse o pai de volta como se nada se tivesse passado.
Joe saiu da prisão sem arrependimento e o futuro que ele tinha em mente era tornar a vida de Antoinette num inferno e subjogar a mulher. Sempre que Anotoinette tentava fazer algo de bom para ela ou apenas para agradar ao pais ou levantar a cabeça Joe tratava de a rebaixar e que o ego dela ficasse reduzido a nada. Estava habituado a Antoinette fosse sempre obediente por muito cruel que ele fosse para ela. Com a mãe dela Joe estava habituado a que esta vivesse em prol dele, beijando o chão que ele pisa, vivia submissa a ele, fazendo tudo como,quando e onde ele quisesse. Mas fora de casa tanto o pai como a mãe eram pessoas totalmente diferentes. À vista das pessoas Joe e Ruth eram um casal adorável e tinham uma flha muitissimo educada. Por muito que Antoinette tivesse tentado ser a filha que eles queriam, mesmo contra vontade dela, fazia-o apenas porque queria ser amada, nunca estavam contentes.
A mãe acabou por expulsar Antoinette de casa por exigência do pai.
Antoinette tentou encarar o futuro mas o tempo só fez com que entrasse em profunda depressão devido, não só ao seu passado, mas tambem pela falta de apoio e de carinho da mãe.
Acabou internada num hospital psiquiátrico onde se recusava a melhorar, pois não queria encarar o mundo exterior. Assim esteve até ao dia em que chegara o dia em que o hospital teria de tomar uma decisão em relação ao melhor tratamento para ela.
Após conversa com o seu psiquiatra, foi informada de que, como doente voluntária, poderia assinar termo de responsabilidade e sair.
Foi nesse momento que teve consciência de que foram os pais que permitiram que ela chegasse ao ponto que chegou e que eles nada iraiam fazer para que ela saisse daquela depressão, muito pelo contrário, viram ali a oportunidade de se verem livres dela. Ali e naquele momento, após reflectir e ter desbloqueado a memória para algumas recordações que ajudaram a perceber o quanto estava errada em relação à mãe, tomou a decisão de erguer a cabeça e singrar na vida. No hospital deixou Antoinette e nasceu Toni. A Toni que passou a ter mas auto confiança e a encarar a verdade que se recusou a acreditar desde o dia em que contou à mãe que o pai a violava.
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