A peça "Rasif- Mar que Arrebenta"
(Suzana Campos de Albuquerque Mello)
“Rasif – Mar que arrebenta” é um livro de Marcelino Freire, autor pernambucano, que também escreveu “Eraodito” e “Angu de Sangue”. Nas palavras do autor, Rasif é composto por textos que “eram coisa, assim, de final dos tempos, cu de existência”, e foram transpostos cenicamente pelo grupo recifense Coletivo Angu de Teatro e contou com a direção de Marcondes Lima. A encenação inaugurou o projeto “Palco Giratório” do Sesc neste ano, e foi apresentada no Sesc Pompéia. “Rasif” é um termo extraído da origem árabe do nome Recife e é composto por 17 contos, que o autor nomeia como “cirandas, cirandinhas...”. Os contos presentes na encenação são “Tentando entender”, “Tupi-Guarani”, “Totonha”, “We speak English”, “Sinal fechado”, “Para Iemanjá”, “Linha de Tiro”, “Da paz”, “Inocente”, “Maracabul”, “Meu último Natal” e “Amor Cristão”. Considero que é sempre um desafio transpor cenicamente um texto que foi escrito, a princípio, para ser lido. O grupo buscou fazê-lo com o cuidado necessário, apesar de, em alguns momentos o público não compreender o que estava sendo dito em cena, e de que, em outros, o texto parecia ‘funcionar’ melhor se lido e não visto. De qualquer forma, há momentos altos da encenação, quando, por exemplo, no quadro “Para Iemanjá”, que apresenta um canto de louvação e um pedido à mãe das águas, a encenação propõe uma crítica à sociedade de massa, criticando a transformação do rito em produto de consumo dessa massas – embora parte do público pareça não ter compreendido este crítica, uma vez que se comportou, no dia da estréia da peça, como em um show de Ivete Sangalo; ou, ainda, outro ponto alto da encenação é o quadro “Meu último Natal”, narrativa que conduz inteiramente o público para dentro da tentativa de um menino de livrar Papai Noel da sanha assassina de ouro garoto. O Coletivo Angu de Teatro busca fazer jus ao texto de Marcelino, mas a impressão que se tem no final do espetáculo é a de que o texto poderia ser mais apreciado pelo público se fosse lido e não encenado.
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