A LONGA JORNADA - DO CAOS ao ÂMBAR
(Geraldo R. Hoffmann)
Durante a noite, contra o fundo negro de um límpido céu desfilam constelações. No final de cada madrugada o céu desbota e as estrelas das constelações se apagam... O autor do texto apresenta um enfoque interdisciplinar, vinculando mitologia à paleontologia, especificamente a uma forma de preservação fóssil através do âmbar. Traça uma linha de evolução - do Caos à Luz, da Luz à vida, numa constante transformação. Usa a sequência mitológica com todas as linhagens de ascendência e descendência dos deuses gregos até chegar à temática da geobiologia. Sem perder a linha de pensamento adotada, lembra que essas divindades do passado são um reflexo de uma sociedade ocidental dentro do seu contexto sócio-cultural, procurando explicar o mundo que o rodeia. Guerras verdadeiras são explicadas através dos mitos para resolver problemas humanos, como por ex. a guerra de Tróia. O mundo grego da época estava constituído em três degraus: homens, heróis e deuses. Assim, deuses e heróis vão sendo associados aos astros do firmamento, à criação do homem, dos povos, sua história e a origem das diferentes formas de vida povoando Geia - Gaia. A apoteose está na tragédia provocada por Faetonte ao conduzir o carro do deus Hélio (Sol). Aqui temos o elo da interação entre a natureza e a imortalidade, quando as lágrimas que marcam o triste episódio se transformam na resina dos álamos a fluir, que num sentimento de solidariedade muitas outras árvores também exudam. Os álamos representavam deuses mitológicos.Neste ponto entra o papel da paleontologia, com seu incrível mundo dos fósseis. E é no âmbar exsudado de árvores há milhares de anos que hoje são encontrados em perfeito estado de conservação pequenos animais, cascas, flores, sementes, pequenos frutos, etc.; a maior múmia encontrada é a de uma lagartixa. As datações desse material encontrado situam-no nas épocas do eoceno e oligoceno - com mais de 40 milhões de anos! A região da atual Escandinávia e o mar Báltico é que possuía esse tipo de vegetação que forneceu a resina conservadora-mumificador. Atualmente existem depósitos de resinas fossilizadas principalmente nas regiões onde predominam florestas de coníferas: região do mar Báltico, norte da Europa, no Canadá, Alasca. As grandes variações climáticas, as transgressões e regressões marinhas são as responsáveis pela formação desses depósitos fossilizados, testemunhos de uma conturbada parte da história do planeta Terra. Essa resina vegetal tem cor citrino-dourada, de aspecto vítreo. É utilizada como matéria prima para o fabrico de ornamentos, amuletos e joalheria em geral, desde há muito tempo. Há outro tipo de âmbar, este de origem animal. É de aparência gris com a consistência da cera. Tem tonalidade cinzenta, com nódoas amarelas e negras; seu cheiro é peculiar, agradável, sendo utilizado na medicina e na indústria de perfumes. Um dos animais que produz essa substância é a baleia. Seu uso remonta a épocas antigas, variando de pomadas a ingredientes para sabonetes a perfumaria em geral. No Oriente é usado inclusive para acentuar fragrâncias de vinhos e comidas. Os índios pré-colombianos já o usavam para pomadas. Era usado para o fabrico de velas. Hoje é usado como lubrificante para instrumentos de alta precisão.Pode ser encontrado flutuando nos mares onde tenham morrido baleias e cachalotes. A caça a baleia já esteve ligada a exploração do produto.
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