A UMA COLOMBINA QUALQUER
(Frei Francisco da Silplicidade)
Não era uma colombina qualquer, todavia estava a minha frente uma desconhecida mulher mascarada, que passaste neste dia sob a luz do meu olhar! E sua beleza era leve como o éter do seu lança perfume, o qual ficou para embriagar-me o coração, que douçura havia ficado com tua imagem perfeita do quanto durou a tua presença em meus olhos... Depois desfizeste no ar. desapareceste na nultidão, à semelhança do aroma embragador e implacavel que ias espargindo na ambiência enlouquecida.
A mulher que se viu e se perdeu é como o perfume que se espirou: Não volta mais. Outros frascos odoriferos poderão surgir melhores, superiores, mais afamados...
O perfume, porém, não será aquele que nos embriagou! Mulheres sem número, vieram depois de tí, Colombina inesquecivél, iguais a te no trajar, na loucura de sorrir, na graça da sedução... Foram frascos que o acaso me ofereceu... nenhum me trouxe o perfume que em ti aspirei, que me deste a experimentar para me endoidecer!
Ouço na algazarra das ruas o rebate fiel do carnaval. Vejo ao derredor de mim que os moços trazem mais luz no olhar, mais desejos no coração. Vejo-me ao pensamento que tambem já fui Arlequim e te encontrei, Colombina! Arlequim de outrora, Pierrô de outros dias, evoco-te à distência, entre os vapores aromaticos aromatizados deste Carnaval para consolar-me com a lembrança dessa felicidade que me ofereceste e... que eu perdi! Tu foste boa e amavél; eu fui timorato e lerdo, orgulhoso demais para compreender-te, oferecendo-te o meu braço para um amplexo da vida. Deveria comprimir-te as têmporas latejantes, com a energia de minhas mãos enfebrecidas. Deveria arrancar-te a máscara de seda, fitar-te nos olhos, perder-me no abismo lânguido que me ofereciam... Detive-me no primeiro impulso e te foste para sempre, levando no teu silencio todos os guisos da minha alegria, todos os clamores da minha felicidade, todos os praseres do carnaval de minha vida.
Relembro-me hoje, reconstuo-te a figura, a esbelteza do talhe, a fescura dos labios, o lampejo do olhar. Os teus olhos incendeiam a indiferença em que oscilo, velhos pêndulo que nunca mais se esquecerá do momento em que fizeste estremecer e para sempre estacar na contagem dos momentos de delicia. Não tenho esperanças de que te retornes, de que neste Carnavál nos encontraremos ainda. Não tenho esperanças nem que isto aconteça para minha desgraça ou a tua desventura. Sim, porque nunca mais serás aquela que do meu primeiro deslumbramento, nem serei aquêle da tua primeira ilusão. A saudade de um bem perdido apaga no rosto do homem todos os reflexos de alegria. O teu retorno não séria capaz de reacender os lampejos que a sombra da tua Ausência apagou. Guardarei, como um tesouro, a lembrança fugaz da tua passagem por mim, quando ignorava que uma desconhecida pudesse transtornar um lutador. Encerrarei na ânfora rubra do meu coração a saudade daquele perfume que, dentro da iluminação estantânea de um sorriso, borrifaste nos meus olhos ingênuos para me enlouquecer. Quando a solidão se alargara ao meu redor; quando as àguas do passado refluindo, tentaram transbodar os meus olhos, mergulharei no meu interior para consolar-me com a recordação da saudade da hora em que te ví, em que, semelhante a um perfume, passaste pot mim... A mulher, que se viu e se perdeu, é como o perfume que se aspirou: - Não volta mais!
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