O Doce Sabor do Perdão
(Nery Porchia)
"Perdoai para que Deus vos perdoe" Parece estranho que o perdão tenha sabor...Mas se entendermos a essência da lição do Mestre Jesus, sentiremos o seu doce sabor, e também um sabor amargo, uma sensação estranha de não se sentir perdoado por Jesus.
Sentiremos o doce sabor do perdão quando perdoarmos integralmente como ensinou Jesus, sem qualquer restrição, com todo amor do coração.
Perdoar é a forma de esquecer ofensas recebidas, porém de que vale perdoar, dizer que perdoa a quem nos ofendeu e acrescentar jamais vou esquecer a ofensa recebida. Esse não é o perdão do Mestre. Basta lembrar Jesus crucificado em seus instantes finais quando olha para o Alto e diz: ”Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem..”
O Evangelho Segundo o Espiritismo no capítulo X dá-nos a dimensão do perdão verdadeiro, na sua forma mais simples e agradável a Deus, levando-nos a refletir nas palavras do Mestre registradas por Mateus entre as Bem Aventuranças: “Se perdoares aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; mas, se não perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados (cap. VI, vv. 14,15).
De que nos adiantaria pedir a Deus o perdão de nossas faltas se, de nosso lado não perdoarmos os que nos ofenderam? Não seríamos dignos de orarmos o Pai Nosso. Mateus transcreve, no Capítulo XVIII, vv. 15,21,22, as palavras do Cristo: “Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão. – Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: Senhor, quantas vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes? – Respondeu-lhe Jesus: Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.”
Jesus sempre falou por parábolas, deixando que cada um entendesse a sua lição. Certamente ele queria dizer que o perdão não tem limite de contagem. É constante, eterno, e mais pelos atos do que pelas próprias palavras. A satisfação que se sentirá é o sabor doce do perdão. Amai-vos uns aos outros como eu vos amo, Jesus nos ensinou.
Se alardearmos o perdão para satisfazer o nosso egoísmo querendo mostrar que somos misericordiosos, com certeza ele trará o gosto amargo da falsidade, da maledicência. Kardec colocou o perdão no capítulo dedicado às bem aventuranças, pois perdoar é ser misericordioso, e a misericórdia é o complemento da brandura, aliás ela traz em si mesma a brandura e a pacificidade. Podemos sentir o gosto amargo se o perdão mesmo pronunciado, trazer embutido o ódio e o rancor, que são atributos da alma sem grandeza, a alma endurecida pelos pecados e pela indiferença. Ao contrário, o perdão em particular sem alardes e sem que seja necessário sua divulgação, são atos nobres de almas elevadas.
Allan Kardec nos fala das duas maneiras distintas de perdoar. A primeira a que nos referimos, é generosa, evita ferir o amor próprio e a intimidade do adversário ou desafeto, tem o doce sabor do mel, do reconhecimento e da esperança da vida futura a que sempre Jesus se referia. A outra, a que é amarga, é o ato de perdoar com reservas, com mágoa e ressentimentos, ofendendo a quem oferece o perdão. Não é fruto da benevolência, mas fruto da ostentação, para se mostrar generoso.
Perdoar é praticar a caridade, é mostrar-se generoso e com a nobreza da alma, caminhando na evolução espiritual, grangeando não apenas a simpatia dos homens de bem, mas recebendo indiretamente dos espíritos protetores as vibrações de amor que propiciam aquele estado agradável de bem estar e mansuetude.
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