Física ATÔMICA E CONHECIMENTO HUMANO
(Niel Bohr)
O VAZIO DO ÁTOMO III: ilusão
Estudos mais aprofundados a respeito da natureza do mundo material capacitam-nos a analisar esse campo “não empírico” sob outro enfoque, milhares de vezes mais desafiador. A queda da teórica descontinuidade da matéria nos remete a perigosas convicções. Somos levados a ver o que de fato é existente e duvidar do que jamais existiu.
Sabemos que em todos os átomos de todas as coisas impera o vazio, o nada absoluto. Dessa forma, até mesmo nossos próprios corpos físicos não passam de sombras mutáveis e impermanentes de qualquer verdade. Pode-se ir ainda mais longe: tal realidade, configurada na matéria, na energia material, é tão abstrata quanto um convincente e perturbador sonho. A matéria não passaria então de uma grande farsa, de uma ilusão.
Isso tudo é o que já afirmava Platão, é o que nos transmite com absoluta clareza as antigas tradições hindu e chinesa, é o que Albert Einstein, Buda e Mahatman Gandh, à sua maneira, proclamavam.
E, ainda como sabemos, é com conhecimento científico que estamos trabalhando, o único que não pode ser questionado. Por longo tempo afirmou-se que a matéria seria constituída por minúsculas partículas, os átomos, e que esses seriam tangíveis e maciços. Mais tempo se passou antes de conhecermos sua real natureza. Afirmou-se então ser o próprio átomo constituído por partículas ainda menores: prótons, nêutrons e elétrons. Mas eles seriam tudo, menos fundamentais.
Em 1920, uma nova surpresa. Com a descoberta dos quantas, verificou-se que os átomos representavam um modelo até certo ponto coerente, mas que suas partículas “fundamentais” não poderiam ser mais tratadas como objetos separados, individuais. Sua existência somente teria sentido quando tratadas como efeitos estatísticos.
De acordo com o Princípio da Incerteza de Heisemberg, é impossível localizar um elétron na órbita atômica. Ele pode estar “simultaneamente” aqui e ali, é definido apenas por padrões estatísticos, possui uma probabilidade maior de estar contido num espaço e não em outro, assume a natureza ondulatória e praticamente deixa de existir como partícula tridimensional elementar, tomando a forma de determinadas órbitas. Mas, não somos capazes de afirmar que o elétron esteja aqui e não ali, pois sua velocidade é quase tão grande como a da luz. Dizemos então que o elétron está em absolutamente todas as partes.
Portanto, quando estudarmos a estrutura da matéria e suas leis com cuidado, mente aberta e absorto a qualquer preconceito, facilmente chegaremos a convicções já em muito debatidas ao longo do tempo, sobretudo pela Sabedoria Antiga. Seremos informados de que nosso país, nossa cidade, nossa casa, nossos móveis, enfim, nossa realidade, são, sem exceção, admiráveis formas de ilusão.
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