Uma Vida Inventada - Memórias trocadas e outras histórias
(Maytê Proença)
O livro de Maytê é uma mistura de autobriografia e ficção. Para falar de suas dores mais profundas, a atriz criou uma espécie de alter ego (uma menina que passou pelos mesmos problemas que ela), e entremeia sua narrativa com a história dessa menina.
Em seu livro, a atriz mostra-se de uma forma despojada, criando coragem e falando sobre os fatos trágicos que marcaram seu passado e seu presente, os quais sempre evitou falar em público: o assassinato de sua mãe, à facadas, por adultério, pelo próprio pai, quando ela tinha somente doze anos; depois a internação do pai em uma casa de repouso após haver cometido o ato tresloucado; a inexperiência de vida que a levou ao aborto com apenas 16 anos. Fala, também, da barra que enfrentou ao ser testemunha de defesa de seu pai, indo contra toda sua família.
Após ter passado por esta avalanche de acontecimentos funestos, a atriz ainda teve que enfrentar a morte de seu irmão pelo consumo de bebidas alcoólicas.
Quando finalmente consegue seu primeiro papel como protagonista, acaba sofrendo um sério acidente, ficando um ano sem poder trabalhar.
Já atriz famosa, tem o pai internado com câncer cerebral e recebe deste o pedido para que desligue seus aparelhos e o deixe morrer. Como não consegue atender à sua solicitação, ele suicida-se após alguns dias.
A atriz relata, também, suas experiências com vários tipos de drogas, sua busca espiritual (na infância e adolescência, passou por lares de parentes católicos e luteranos e isso confundiu sua crença), as viagens que fez para vários lugares do mundo e utiliza seu livro como se este fosse seu diário pessoal. Fala de sua filha querida (a quem dedicou o livro), seus amores (omite sempre seus nomes), sua vida profissional, seus fracassos, suas alegrias, sua trajetória na rede Globo de TV, com bom humor e ironia.
Maytê nos diz em sua narrativa, que atuar para ela funcionou como uma terapia emocional que a ajudou, de certa forma, a superar sua dor pelas perdas sofridas, pois para não sentir a dor, acabou, de certa forma, congelando o “seu sentir”. Como atriz podia ter seus sentimentos de volta.
Particularmente Maytê é um exemplo de resiliência, ou seja, ela é uma pessoa segura de si, estruturada, que superou seus fracassos, suas tristezas, dificuldades, crises, perdas e adversidades, utilizando-as como oportunidades para vencer na carreira, na vida social, afetiva e familiar. Está aí um bom exemplo a ser seguido!
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