Biografia do General Charles de Gaulle
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Charles André Joseph Marie de Gaulle nasceu a 22 de Novembro de 1890 em Lille, França, num meio em reacção ao regime estabelecido desde 1875.
Descende de uma família burguesa antiga e de tradição, muito ligada aos valores morais. Desde os seus primeiros anos de vida, que sempre foi uma criança muito energética e com confiança em si própria. Aos dez anos ingressou no Colégio da Imaculada Conceição mas sempre foi um rapaz muito indisciplinado, cujo único prazer era escrever versos e ler. Antes dos quinze anos já lia austeros volumes históricos e a sua paixão literária encontrava-se em Júlio Verne.
A 26 de Julho de 1907 entra na escola livre do Sagrado Coração de Antoing na Bélgica, mas o ofício das armas atrai-o cada vez mais.
Por esta altura, a tensão começa a crescer na Europa e a França toma consciência da ameaça alemã. Entretanto ele regressa a Paris e em 1909 é admitido em Saint-Cyr e incorporado no 33º regimento de infantaria, distinguindo-se pelo seu comportamento e dons notáveis, ganhando igualmente a alcunha de “Condestável”.
Por esta altura, ignorava o movimento das ideias na época das Luzes e tudo aquilo que ajudou a fundar a III República. Impõe-se pelo seu sangue-frio e pelos riscos que corre, alcançando o respeito e fortalecendo a sua imagem de oficial tradicionalista,corajoso e autoritário.
Durante a Primeira Guerra Mundial, no Outono de 1915, foi feito prisioneiro pelos alemães, enquanto os franceses o julgavam morto. Foi transferido para a Lituânia e após cinco tentativas de fuga falhadas, foi encarcerado na fortaleza IX de Ingolstadt. Só a 28 de Novembro, dez dias após o armistício, conseguiu voltar para França.
Oferece-se assim como voluntário numa missão militar francesa na Polónia que se encontrava arruinada pelo conflito mundial e, por isso mesmo, ideal para que o seu desejo de acção tivesse possibilidade de se concretizar.
Em Maio de 1920, regressa a Paris mas devido à falta de propostas aliciantes retorna à Polónia como oficial de Estado-Maior, país este que neste entretanto cai em guerra e no qual ele alcança diversos sucessos militares.
Quando começou a 2ªGuerra Mundial, de Gaulle era só um coronel mas a sua sorte foi alterada quando, a 28 de Maio de 1940, alcançou um dos poucos sucessos tácticos sobre os alemães, e Paul Reynaud promoveu-o a general. Daí o título pelo qual o nomeamos nos dias de hoje.
A 6 de Junho nomeou-o Subsecretário do Estado da Defesa Nacional e da Guerra, de forma a que tivesse em constante ligação com o governo britânico e, em consequência deste vínculo, propôs uma união política a 16 de Junho, em Londres: fundiam-se assim os dois países com um único governo e exército durante o período da guerra.
Quando regressou da Inglaterra, Pétain pensava num armistício com a Alemanha. Nesse dia, e após ouvir tal notícia, de Gaulle tomou uma das decisões mais importantes da história da sua vida e da França: voou para Londres e no dia 18 fez um apelo através da rádio BBC ao povo francês. Neste apelo, que ficou conhecido como « L’appel du 18 juin » , o General apela aos franceses para que a guerra continue e a França continue a oferecer resistência! Foi por este motivo que ficou conhecido como o “Libérateur”, a nível militar e político.
De Londres conduziu então o Movimento Livre Francês. Neste contexto, dá-se o desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia, a 6 de Junho de 1944, marcando o fim da hegemonia nazi. Finda a guerra, foi nomeado Presidente do governo provisório em Setembro de 1944 mas renunciou ao cargo em 1946, devido aos conflitos entre os partidos políticos e à sua desaprovação relativamente à Constituição para a IV República. Em Abril de 1947 tenta de novo, lançando um novo movimento político “Rassemblement du Peuple Français”, mas este não atingiu o impacto pretendido e o general retirou-se da política em 1953.
No entanto, perante a eminência de uma guerra civil com a Argélia, o Presidente francês René Coty apelou a de Gaulle para que este formasse governo: este formou uma nova Constituição que foi aprovada por maioria esmagadora em 1958. Iniciava-se assim a V República!
Após as eleições legislativas, é eleito Presidente a 21 de Dezembro de 1958. Dedica-se primeiro a solucionar o conflito argelino e a restaurar a França financeira e economicamente. Esta nova política ficou conhecida como «politique de grandeur», política esta que muitos acharam demasiado ambiciosa, mas que ainda inspira a maior parte da política de hoje.
Apesar de tudo, em 1965, é reeleito mas surgem novas dificuldades e o abismo começa a avistar-se cada vez mais: a classe operária agita-se, o descontentamento cresce e as greves aumentam de uma forma catastrófica. Em 1968, surge um agravamento: os estudantes revoltam-se,declarando-se vivamente antifascistas e anti-imperialistas, afirmando-se através de ideias revolucionárias. Depois de uma breve ausência, de Gaulle decide retomar a direcção dos acontecimentos e instaura novas reformas sociais. Seguidamente, em 1969, leva a cabo um projecto de regionalização e transformação do Senado, projecto que acaba mesmo por ser rejeitado pela maioria, levando a que nessa mesma noite, o general de Gaulle se demita.
Posteriormente retira-se para Colombey-les-Deux-Églises, onde acaba por morrer repentinamente a 9 de Novembro de 1970, com um aneurisma.
Alain Peyrefitte disse «A verdade do general de Gaulle está na sua lenda». Em suma, e citando Éric Rousse, “a lenda nem sempre perde ao ser confrontada com a história” !...
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