Mais estranho do que uma ficção
()
O filme “Mais estranho do que uma ficção” revela, entre muitos aspectos, o domínio que o autor tem sobre sua obra. A personagem principal do filme acaba descobrindo que é personagem principal de um livro e que, no final desse livro, vai morrer. Ele então sai em busca do autor do livro para pedir que este o deixe vivo.
Entre muitos aspectos interessantes que observei no filme, tal como a determinação do autor sobre sua obra, gostaria de ressaltar a submissão do autor à crítica. Em uma cena muito interessante no final do filme, a autora da história se encontra com um especialista em teoria literária e ela pergunta a ele o que ele achou do livro. Ele responde que o livro estava bom, mas que não era o maior livro em língua inglesa escrito. Era apenas bom. Espantou-me a passividade com que a autora aceitou essa crítica e a necessidade da autora em ser avaliada por um especialista. A própria autora pediu a opinião do crítico, ela necessitava de ser avaliada.
Acredito que esse tipo de postura seja péssimo para as leituras que podem ser feitas de um livro. Quem tem autoridade para dizer se um livro é bom ou ruim, quando “bom” e “ruim” são conceitos parcialmente subjetivos? Concordo que a crítica literária tem o direito, e deve exercê-lo, de avaliar tecnicamente as obras literárias e buscar sentidos baseados em suas análises. Agora, afirmar “isto está bom” ou “isto está ruim” é uma petulância. No máximo, poderia se dizer “Eu não gostei disto” ou “Minhas preferências pessoais não encontram respaldo nesta obra”. A crítica mata, muitas vezes com sua atitude de julgamento, bons textos, que talvez nem seguem a ser lidos pelo público devido ao julgamento autoritário da crítica.
Resumos Relacionados
- Harry Potter E As Relíquias Da Morte
- Crítica Da Razão Pura
- "polikuchka, O Enforcado"
- Estaçao Carandiru
- Touching From A Distance
|
|
