Engenharia GENÉTICA E VALORES CRISTÃOS
(Comissão Visão Cristã da Vida da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia)
(Texto original: Engenharia Genética: uma resposta adventista- Diálogo Universitário, vol. 8, nº 2, 1996)
A engenharia genética tem criado dilemas éticos para os cristãos: gerou-se um imenso poder com potencial para bem ou para o mal.
O dote genético que o primeiro casal recebeu do Criador era sem defeito (Gênesis 1:31). Doenças genéticas que afligem os humanos surgiram através de mutações prejudiciais.
Intervenções genéticas que tentam restaurar o genoma humano à sua condição edênica, devem ser saudadas como uma cooperação com o Divino de aliviar os resultados do pecado.
O Projeto Genoma Humano (1990-2003) trouxe enorme benefício à ciência, mas também preocupações éticas que exigem que princípios cristãos sejam seriamente levados em conta.
No passado, a informação genética sobre um indivíduo era deduzida do histórico familiar, de observações clínicas e de expressões físicas dos genes. Hoje, análises sofisticadas identificam genes defeituosos que causam doenças genéticas como fibrose cística, coréia de Huntington e alguns tipos de câncer. Hoje essas observações podem ser feitas no feto, possibilitando identificar características genéticas ou mesmo desordens genéticas.
Trouxe também benefícios diretos à medicina, como por exemplo, aumento da produção de insulina, tratamento de doenças por alteração genética, tratamento da fibrose cística.
A engenharia genética oferece melhorarias do equipamento genético de várias espécies, evitando a herança de genes prejudiciais e promovendo a transmissão de genes desejáveis.
Respeitando muito a engenharia genética, vamos considerar aqui várias preocupações éticas cristãs relacionadas à mesma:
SANTIDADE DA VIDA HUMANA:
Testes genéticos pré-natais podem gerar dúvidas sobre o valor da vida humana quando esta se apresenta geneticamente defeituosa. Quão grave deveria ser um defeito genético que legitimasse a razão ética de descartar um pré-embrião ou provocar um aborto?
Percebe-se que a relativa gravidade de defeitos genéticos é uma questão subjetiva.
PROTEÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA:
A proteção da privacidade e confidencialidade de resultados de exames genéticos é outra preocupação. A posse dessas informações poderia ser útil a empregadores, a companhias de seguro e a parentes da pessoa. O que está em jogo é a proteção contra qualquer discriminação por causa de herança genética.
Outra preocupação é que células reprodutivas poderiam tornar-se parte do capital genético humano. Intervenções genéticas poderiam alterar aquilo que é considerado uma característica humana normal e não necessariamente um defeito. Quais as implicações para o significado de humanidade, havendo intervenções que visam melhorar a inteligência ou o físico?
ACEITAÇÃO DE RESPONSABILIDADES:
A engenharia genética levanta dúvidas sobre a ética de praxes sociais, liberdades individuais e responsabilidades sociais:
- Deveria a sociedade encorajar a eugenia?
- Indivíduos com graves desordens genéticas poderiam continuar gozando de seu direito de procriação?
- E quanto aos recursos sociais que deveriam ser gastos para intervenções genéticas quando cuidados mais urgentes não podem ser atendidos?
- E quanto à distribuição dos benefícios e custos dessas intervenções? Como seriam partilhados entre ricos e pobres?
ADMINISTRAÇÃO DA CRIAÇÃO DIVINA:
Cuidar da criação de Deus é ecologicamente correto, e privilégio e também obrigação.
Explorações e manipulações que podem degradar ou destruir o equilíbrio natural deveriam ser proibidas.
Sobre mudanças permanentes ou imprevisíveis ou transferência de genes de uma forma de vida para outra, não seria o caso de estabelecer um escrutínio moral cuidadoso?
Princípios cristãos para intervenções genéticas
1- CONFIDENCIALIDADE:
Nos casos em que outros podem sofrer prejuízo grave, mas evitável na ausência de informação genética sobre outra pessoa, há a obrigação moral de comunicar essa informação.
2- VERACIDADE:
A ética cristã requer que os resultados de um exame genético sejam comunicados honestamente à pessoa examinada ou a um membro da família, se ela é incapaz de compreender tal informação.
3- HONRANDO A IMAGEM DE DEUS:
Quaisquer intervenções deveriam se limitar ao tratamento de doenças e desordens genéticas, evitando afetar a imagem de Deus em gerações futuras.
4- PREVENIR SOFRIMENTO:
Por que a responsabilidade cristã de prevenir e tratar a enfermidade e aliviar o sofrimento e a dor sempre que possível, não pode ser também o objetivo primário da intervenção genética? Por causa da tendência humana pecaminosa, haverá sempre a possibilidade de abusos e riscos biológicos desconhecidos.
5- LIBERDADE DE ESCOLHA:
Decisões sobre submeter-se ou não a testes genéticos deveriam ser respeitadas, exceto quando outros podem sofrer prejuízo sério e evitável.
6- NÃO VIOLÊNCIA:
Usar a manipulação genética para produzir armas de guerra é uma afronta direta aos valores cristãos de paz e vida.
7- IMPARCIALIDADE:
Deus ama todos os seres humanos. Os benefícios da pesquisa genética deveriam ser acessíveis a quem precisar, sem discriminação de qualquer tipo.
8- DIGNIDADE HUMANA;
A dignidade humana não deveria ser reduzida a mecanismos genéticos. As pessoas deveriam ser tratadas com dignidade e respeito e não ser estereotipadas na base de sua herança genética.
9- SAÚDE:
Os cristãos têm a responsabilidade de manter a saúde de seus corpos, incluindo a saúde genética para preservar a si próprios e aos seus descendestes.
Todas as conquistas científicas e tecnológicas são produtos da inteligência que foi outorgada pelo Criador. É urgente resolver o problema da convivência humana para que todos os povos usufruam desses benefícios.
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